Vera Batista
postado em 31/01/2012 08:37
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ficou em 0,25% na primeira apuração de janeiro, abaixo das estimativas dos analistas, de 0,32%. O indicador acelerou ; em dezembro, havia tido uma queda de 0,12%. Usado na correção dos aluguéis, acumula 4,53% nos últimos 12 meses, a menor variação desde junho de 2010. A alta foi estimulada pela variação de 0,97% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC). O item que mais pressionou o custo de vida foi educação, leitura e recreação, que cresceu 3,33% em janeiro, depois de apresentar leve alta de 0,44% no mês anterior. Também tiveram avanço os grupos alimentação (de 1,24% para 1,47%) e transportes (de 0,53% para 0,76%).Tiveram queda de preços os grupos vestuário (de 1,10% para 0,04%), saúde e cuidados pessoais (de 0,64% para 0,48%), despesas diversas (de 0,37% para 0,27%) e habitação (de 0,38% para 0,32%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também subiu em janeiro, fechando em 0,67%, acima do resultado de dezembro, de 0,35%. O indicador foi influenciado por materiais e equipamentos (de 0,18% para 0,27%), serviços (de 0,39% para 0,68%) e mão de obra (de 0,47% para 0,98%). Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 0,07%. No mês anterior, a queda havia sido de 0,48%.
Em 2013, juro subirá
Os juros básicos (Selic) devem cair a um dígito em 2012, mas por pouco tempo. Até 2013, o valor vai voltar a superar os 10% ao ano, segundo a previsão dos cerca de 100 analistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central. Hoje em 10,5%, a taxa cairá para 9,5% já a partir de maio, de acordo com as estimativas. Para o fim do ano que vem, a projeção foi elevada de 10,25% para 10,38%. Na avaliação do economista Álvaro Bandeira, diretor da Corretora Ativa, apesar da pressão dos gastos em ano eleitoral, é possível que a Selic caia para 9%. ;Acreditamos em mais dois cortes de 0,50 e dois de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). A atual previsão ainda não capturou os sinais do Copom de que a taxa ficará em um dígito;, afirmou.
No mercado futuro, os juros começaram a recuar. Ontem, os contratos com vencimento em janeiro de 2013 indicavam 9,51%, numa queda em relação aos 9,61% de sexta-feira. Em 2013, no entanto, ;existem fortes possibilidades de o BC subir os juros para manter a inflação na meta de 4,5%;, avaliou Clodoir Vieira, economista-chefe da Corretora Souza Barros. Na sequência, em 2014, a Selic continuará acima dos 10%. ;Acho um pouco difícil a presidente Dilma cumprir a promessa de chegar ao fim do seu governo com a menor taxa de juros da história;, destacou.
Mudança na dívida
Num reflexo da alta da inflação e da queda da taxa básica de juros (Selic), os investidores aumentaram o apetite pelos títulos públicos federais atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A parcela desses papéis no total da dívida subiu de 26,64% em dezembro de 2010 para 28,28% no mês passado, ainda dentro do intervalo previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro Nacional ; de 26% a 29%. Neste ano, o governo acredita que a participação desses bônus vai superar a dos remunerados pela Selic, que, em contrapartida, caiu de 31,59% para 30,14%, a menor na série histórica que começa em 2004.
A dívida cresceu 1,79% em dezembro, chegando a R$ 1,866 trilhão. De acordo com relatório do Tesouro, houve melhora no perfil do estoque, pois o prazo médio de vencimento dos títulos subiu de 3,51 anos em 2010 para 3,62 anos em 2011. O vencimento da dívida de curto prazo (com vencimento em até 12 meses), que era de 22,73% dos títulos, caiu para 21,89% no fim de 2011, equivalentes a R$ 408,53 bilhões. Esses indicadores são avaliados pelas agências de classificação de risco, que consideram o endividamento brasileiro alto e de prazo curto, o que aumenta a possibilidade de dificuldades na rolagem mensal.
Consumidor preocupado
Os brasileiros estão precavidos na hora de comprar. De acordo com o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, a confiança dos consumidores se manteve estável em janeiro na comparação com dezembro de 2011, crescendo apenas 0,2%. ;Os consumidores estão preocupados com os preços elevados dos produtos. Com o nível alto da inflação, eles estão tendo mais consciência de que é preciso ter mais controle no orçamento;, disse Marcelo Azevedo, economista da CNI.