Durante pouco mais de um ano, o juiz ostentou uma vida de milionário. Mas a fatura começou a mostrar o seu peso. Para honrar todos os compromissos em dia, Silva tomou três empréstimos com desconto em folha de pagamento (consignado). Recorreu ao limite de R$ 30 mil do cheque especial. Passou a sacar dinheiro no cartão de crédito a juros de quase 15% ao mês. Finalmente, chegou o momento em que não tinha mais de onde tirar dinheiro. Começou, então, a atrasar o pagamento de dívidas. Até que a concessionária que lhe vendeu a Mercedes encaminhou o nome dele para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Foi um transtorno danado. Por lei, um juiz não pode constar na lista de caloteiros.
Dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam que, nos 12 meses encerrados em janeiro, enquanto o índice de famílias endividadas com renda inferior a 10 salários mínimos (R$ 6.220) recuou de 61,3% para 59,5%, nos lares com rendimentos acima de 10 salários mínimos disparou de 48,9% para 53,4%. Entre os mais abastados, as dívidas estão, em média, 63,1 dias atrasadas contra os 62,8 dias dos que têm ganhos menores. ;Temos um retrato muito interessante no país, hoje. A nova classe média, que se esbaldou com o crédito fácil, botou o pé no freio. Já os ricos estão gastando além da conta e criando uma bolha preocupante de inadimplência;, diz Felipe Chad, sócio da Corretora DX Investimentos, especializada em finanças pessoais.
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