Economia

Cerca de 80 mil manifestantes se reúnem em Atenas contra o plano de ajuste

Agência France-Presse
postado em 12/02/2012 15:07


Atenas - Cerca de 80.000 manifestantes protestam no centro de Atenas contra o plano de ajustes que será votado pelo Parlamento na noite deste domingo, de acordo com dados da polícia local. Bombas de gás lacrimogêneo são usadas pelas equipes de segurança para conter os manifestantes, apurou um repórter da AFP. Às 18h local (16h GMT; 14h de Brasília), a polícia contabilizava 25.000 pessoas no centro de Atenas, que foi fechado pelas autoridades, mas o número quase triplicou poucas horas depois.

Um grupo de manifestantes exerceu pressão para romper o cordão policial disposto em torno da Assembleia Nacional e a polícia reagiu de imediato lançando gás lacrimogêneo. "Não é fácil viver nestas condições. De agora até 2020 seremos escravos dos alemães", disse à AFP Andréas Maragoudakis, engenheiro de 49 anos.

Os manifestantes se dirigiram à Praça Sintagma pela tarde, convocados pelas duas grandes centrais sindicais do país, a GSEE para o setor privado, e Adedy, do público, assim como pela esquerda radical. De acordo com os líderes, o objetivo é expressar sua rejeição à adoção prevista para a meia-noite local de um novo plano de ajuste, exigido pela UE e pelo FMI para manter a ajuda financeira ao país e assegurar sua permanência na zona do euro.



Em Salônica, segunda maior cidade do país, outras 15.000 pessoas saíram as ruas para protestar. Segundo o ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, a Grécia espera lançar "antes de 17 de fevereiro" a oferta pública a seus credores privados para a reestruturação de sua dívida, ou do contrário ficará exposta à quebra. "Antes do domingo à noite, o parlamento deve ter adotado o novo programa de austeridade" ditado pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para que o país possa receber o visto positivo do Eurogrupo na quarta-feira para o desbloqueio do segundo plano de resgate, afirmou o ministro no início do debate parlamentar sobre este plano de medidas.

"Caso isso não aconteça antes de 17 de fevereiro, não poderemos lançar oficialmente a operação de troca de títulos" para que haja o perdão de 100 bilhões da dívida grega. "E não poderemos solucionar o problema do reembolso das obrigações que serão finalizadas entre 14 e 20 de março", em um montante total de 14,5 bilhões de euros, completou.

O descumprimento dos prazos e a consequente quebra do país geraria uma Grécia sem sistema bancário, afirmou Venizelos com a voz tensa antes de ser interrompido pelas vaias da oposição comunista, a qual o ministro acusou de levar o país à "catástrofe". O parlamento, onde o governo de coalizão socialista-conservador de Lucas Papademos dispõe de uma teórica maioria de 236 votos sobre 300, deve votar até às 22h GMT (20h de Brasília) um texto crucial sobre medidas de austeridade e regulamentações.

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