Agência France-Presse
postado em 16/02/2012 17:35
Bruxelas - Os ministros de Finanças dos 17 países da Eurozona debaterão na segunda-feira a possibilidade de adiar o resgate da Grécia de 130 bilhões de euros para depois das eleições de abril ou entregá-lo de maneira gradativa, disse um diplomata."Ninguém quer abrir o caixa aos gregos antes das eleições", disse.
Atenas, no entanto, precisa dos fundos até 20 de março, quando vencem 14,5 bilhões de euros de sua colossal dívida.
Caso a ajuda seja aprovada, os dirigentes europeus querem garantias de que o dinheiro será corretamente administrado.
"É necessário" fortalecer o programa de vigilância da ajuda europeia, disse o chefe do Eurogrupo, Jean Claude-Juncker, ao finalizar na quarta-feira uma teleconferência dos ministros de Finanças da União Monetária.
Assim, ganha mais adeptos a iniciativa da Alemanha e França de bloquear uma conta especial para Grécia na qual serão depositados os fundos aportados pelo pagamento dos juros da dívida grega.
Alemanha, Finlândia, Holanda e Luxemburgo, classificados com a nota triplo A, expressaram suas sérias dúvidas de que a Grécia mereça a ajuda, fartos de promessas vazias e frustrados ante a evidência de que a primeira ajuda de 110 bilhões de euros, concedida em 2010, não serviu para nada.
"Cada Estado deve definir por si próprio se quer estar na Eurozona. Se a resposta for afirmativa, é preciso cumprir as condições", disse o ministro de Finanças luxemburguense, Luc Frieden.
Esses países duvidam da possibilidade de que a dívida grega alcance um "nível sustentável" apesar do resgate, pendente desde outubro de 2011, disse uma fonte europeia.
Segundo um relatório da troika de credores públicos (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), a dívida grega, depois de beneficiar-se do resgate, alcançará 129% do PIB até 2020 e não 120% como pretendia o plano da Eurozona para levá-la a níveis mais sustentáveis, afirmou a fonte.
"Voltamos ao ponto de partida", disse o ministro holandês de Finanças, Jan Kees de Jager, em La Haya. "A Grécia vai pior do que havíamos previsto", afirmou.
Atenas negocia com seus credores privados (bancos e fundos de investimento) um perdão de ao menos 100 bilhões de euros de dívida.
Mas justamente vários países europeus expressaram recentemente suas sérias dúvidas de que a dívida grega alcance níveis sustentáveis em oito anos, assinalou uma fonte diplomática.
"Atenas cumprirá", afirmou o ministro grego de Finanças, Evangelos Venizelos.
O cancelamento de uma reunião de ministros das Finanças da Eurozona sobre a Grécia prevista para acontecer na quarta-feira foi ressentido pelo governo grego que, apesar de acreditar que alguns de seus parceiros querem o país longe, assegura que respeitará as exigências.
"É necessário dizer a verdade ao povo grego, existem vários (países da Eurozona) que não nos querem mais. Precisamos convencê-los" de que a Grécia pode "renascer" e perdurar, declarou Venizelos, acrescentando que o "país está no fio da navalha".
Nesta quinta-feira, Erkii Likkanen, membro da diretoria do Banco Central Europeu (BCE), confirmou que a instituição estaria disposta a renunciar aos lucros que poderia obter com os títulos da dívida grega, e destacou que o objetivo não é obter lucros com estes títulos.
"Está claro que o objetivo de nosso programa de compra de títulos públicos é assegurar a boa transmissão da política monetária e não obter lucros", declarou o presidente do Banco Central da Finlândia e membro do conselho de ministros do BCE ao jornal Financial Times Deutschland.
A declaração apóia o que já foi afirmado pelo presidente do BCE, Mario Draghi, sobre a participação da instituição na operação de resgate da Grécia.