Rio de Janeiro ; O crescimento da indústria da transformação, apenas 0,1%, em 2011, foi um dos principais responsáveis pela desaceleração da economia brasileira, que cresceu 2,7% no ano passado, depois de uma alta de 7,5% em 2010. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o baixo crescimento desse segmento da indústria foi puxado pelas quedas na produção de setores como vestuário, metalurgia, automóveis e máquinas e material elétrico.
Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, a economia brasileira, como um todo, sentiu o impacto da crise econômica mundial. De acordo com ele, esse impacto foi sentido de forma mais intensa pela indústria da transformação.
;Há uma conjuntura que vem, desde 2008, de incerteza. Você tem o resto do mundo que está incerto e uma economia brasileira que teve que se organizar, dentro desse cenário de incerteza. Portanto, há um mercado que está exportando menos. E você teve que ter políticas monetárias, tentando controlar a questão dos preços. Teve políticas do Banco Central para a taxa de câmbio, mantendo a estabilidade. Há vários fatores;, disse.
Segundo ele, quando se tem ;uma desaceleração, tanto no consumo quanto no investimento, quem sente esse impacto imediatamente é a indústria da transformação;. ;A indústria da transformação sentiu um impacto maior na sua relação com o resto do mundo, ou seja, com as exportações. Em menor parte, houve um impacto da diminuição do consumo das famílias e dos investimentos dentro do país;, completou Olinto.
Apesar do desempenho de quase estabilidade da indústria de transformação, a indústria como um todo teve um crescimento de 1,6%, sustentado principalmente pelas altas nos setores de construção civil (3,6%), extrativa mineral (3,2%) e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (3,8%).
A agropecuária foi o principal motor que impulsionou a economia em 2011, com um crescimento de 3,9%, influenciado pelo aumento da produção nos cultivos de algodão, fumo, arroz, soja e mandioca, apesar das quedas nos plantios de cana-de-açúcar, café e trigo.
Os serviços, que respondem por dois terços do PIB, tiveram uma expansão de 2,7%, com destaque para os serviços de informação, que cresceram 4,9% em 2011.
O consumo das famílias teve um aumento de 4,1%, o oitavo crescimento consecutivo, mas inferior ao registrado em 2010 (6,9%). Já a formação bruta de capital fixo (investimentos) e o consumo do governo tiveram altas de 4,7% e 1,9%, respectivamente.
Na avaliação do mercado externo, as exportações de bens e serviços tiveram alta 4,5%, mas as importações subiram ainda mais: 9,7%. Entre os produtos que se destacam na pauta de importações brasileira estão produtos químicos inorgânicos, materiais e equipamentos, material elétrico, material eletrônico e de comunicação, automóveis e autopeças.
Ouça a entrevista com o ministro Guido Mantega