Economia

Para centrais sindicais, é preciso melhorar qualidade do emprego no país

postado em 16/03/2012 19:35
São Paulo ; Apesar do crescimento do número de empregos formais no país, ainda é preciso melhorar a sua qualidade. A avaliação é da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao analisarem os dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados nesta sexta-feira (16/3). De acordo com os números do Caged, o Brasil criou 150,6 mil empregos formais em fevereiro, resultado superior a janeiro (118,9 mil), mas que significou o pior mês de fevereiro dos últimos três anos. [SAIBAMAIS]

Seis dos oito setores econômicos monitorados pelo Caged contrataram mais do que demitiram em fevereiro. A área de serviços foi o que apresentou o melhor desempenho no mês, com a geração líquida de 93.170 postos de trabalho. A construção civil, com saldo de 27.811 empregos, e a indústria de transformação, com 19.609, aparecem na sequência dos melhores desempenhos setoriais. Os dois setores que registraram mais demissões do que contratações foram o comércio, com saldo negativo de 6.645 empregos, e a agricultura, que fechou 425 postos de trabalho.

;O desemprego não está aumentando, mas a geração de novos empregos não é da qualidade que gostaríamos que fosse;, disse João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. Para ele, qualidade significaria, por exemplo, que o número de empregos crescesse no setor da indústria, o que representaria mais qualificação, mais investimento e mais renda. ;É positivo porque está gerando emprego, mas precisamos avançar e aumentar os postos de trabalho na área industrial;, acrescentou.

Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o país está em uma situação mais privilegiada em relação ao quadro do desemprego nos países europeus. ;É evidente que estamos em uma situação incomparavelmente melhor que vários países da Europa, que estão em uma crise danada e com desemprego absurdo. A situação do Brasil é absolutamente positiva em se comparando com outros países. Estamos gerando emprego, ampliando a formalização. Mas é preciso também encarar que estes são empregos, no geral, com baixos salários e com alta rotatividade;, disse.

Para que os empregos possam ser mais qualificados e melhor remunerados, as centrais defendem mudanças na política macroeconômica nacional, com redução da taxa básica de juros (Selic) e revisão na taxa de câmbio. ;Isso tem dificultado na área industrial porque facilita a importação. Mudanças nessas questões facilitariam ganhar os empresários para investir na área industrial e aumentar a produção em nosso próprio país;, disse Juruna.

;É absolutamente fundamental continuar o processo de redução da taxa de juros. Mas é preciso encontrar mecanismos para diminuir drasticamente também o spread bancário e reduzir o custo do dinheiro que é cobrado de pessoas físicas e jurídicas;, declarou Artur Henrique.

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