postado em 20/03/2012 17:05
Os industriais estão otimistas quanto ao desempenho das próprias empresas nos próximos seis meses, mas são pessimistas quanto às condições atuais da economia brasileira. É o que apontou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta terça-feira (20/3) em Brasília.O índice é composto por quatro avaliações feitas pelos empresários: percepções sobre a situação da economia nacional e da empresa e as expectativas para toda a economia e para a própria companhia. O Icei deste mês atingiu 58,6 pontos, um aumento de 0,4 ponto sobre o índice de fevereiro, mas 1,6 ponto abaixo do de março de 2011. O índice varia em uma escala de 0 a 100 pontos e aponta otimismo quando se situa acima de 50 pontos.
O ligeiro otimismo não é regra entre as 2.304 empresas ouvidas pela CNI. Doze dos 28 setores pesquisados contabilizam índice positivo. Os empresários do Nordeste são os mais otimistas, superando em mais de 6 pontos a avaliação da Região Sudeste, justamente a mais industrializada.
Apesar do otimismo relativo - foi o terceiro mês seguido que a avaliação cresceu em relação ao mês anterior -, ;a gente ainda não acredita na quebra total de uma tendência de queda de expectativa vem acontecendo há dois anos;, disse Marcelo de Ávila, economista da CNI ao apontar que, em janeiro de 2010 o índice chegou ao recorde de 68,5 pontos e, de lá até dezembro do ano passado, só registrou queda.
Segundo ele, a redução da taxa básica de juros (Selic) melhora as expectativas dos empresários. No entanto, os industriais mantêm-se reticentes por causa do câmbio, que barateia produtos e componentes importados e retira competitividade das empresas nacionais fornecedoras.
O otimismo, segundo Ávila, foi alimentado pelo crescimento do faturamento das empresas. O problema é que esse crescimento não foi acompanhado pelo aumento da produção. Para o economista, é porque as empresas estão importando mais ou reduzindo estoques acumulados.
;Não há um padrão de crescimento disseminado nos indicadores de produtividade industrial. O fator ;macropreocupante; é que a produção não está acompanhando o faturamento".
O economista citou ainda a alta carga tributária como um fator que ajuda a travar o crescimento do setor, que pede, entre outras medidas, rapidez do governo para desonerar as folhas de pagamento. Para Ávila, os tributos inviabilizam investimentos industriais em inovação, por exemplo, como deseja o governo.
O risco desse cenário é a industria nacional perder a oportunidade de crescer em tempos de economia aquecida. ;Nos temos uma demanda interna em crescimento, mas não estamos sabendo aproveitar;. A projeção da CNI é que o Produto Interno Bruto cresça 3% e a indústria, apenas 2,3% em 2012.