Economia

Argentina acirra disputa com grupo Repsol YPF e exige investimentos

Agência France-Presse
postado em 22/03/2012 16:50
Madri - O governo de Cristina Kirchner acirrou a disputa com a petroleira hispano-argentina Repsol YPF, dominante do mercado local, e não descarta a possibilidade de nacionalização, acusando a empresa de falta de investimentos que obrigaram Buenos Aires a importar 9 bilhões de dólares em combustíveis em 2011. [SAIBAMAIS]

O grupo petroleiro Repsol YPF, por sua vez, está buscando alianças com grandes petroleiras internacionais para explorar a enorme jazida de Vaca Muerta, afirmou nesta quinta-feira (22/3) um jornal espanhol. "A Repsol tem sondado gigantes chineses, americanos e europeus para que (...) aportem dinheiro na megajazida de Vaca Muerta", disse o jornal econômico Expansión.

Procurado pela AFP, um porta-voz da Repsol YPF em Madri não quis comentar a informação.
Os chineses Sinopec, CNPC e CNOCC; os russos Lukoil e Gazprom; o americano Exxon e o italiano ENI figuram entre os possíveis sócios citados pelo jornal.

Após formar a aliança, a Repsol não só conseguiria compartilhar "o colossal investimento necessário em Vaca Muerta, mas também traria sócios dispostos a investir na Argentina e aumentar a produção de hidrocarbonetos no país", disse o Expansión. "Isso seria um ótimo escudo contra as acusações de protecionismo feitas ao governo de Cristina Kirchner", afirmou o jornal.

A Repsol anunciou em novembro ter descoberto na província argentina de Neuquén (oeste) uma das maiores reservas de hidrocarbonetos não-convencionais do mundo.

A exploração de Vaca Muerta, que segundo a empresa contém 22,807 bilhões de barris equivalentes de petróleo (Mbep), precisaria de um investimento de 25 bilhões de dólares por ano durante uma década, disse o jornal espanhol.

A Argentina está em conflito com a Repsol, a quem o governo de Kirchner tem pedido um aumento de investimentos para atenuar o impacto do incremento das importações de hidrocarbonetos, que chegaram a 9 bilhões de dólares em 2011. Depois que três províncias petrolíferas argentinas retiraram a concessão de um total de seis áreas da Repsol, existe "o risco de uma nacionalização definitiva" da YPF, disse a agência internacional de classificação financeira Fitch.

Na quarta-feira (20/3), a petroleira rejeitou a proposta oficial de criar um fundo para incrementar a produção, em meio à briga com o governo. "Na reunião de diretores foi aprovada pela maioria a proposta de aumentar o capital social, ou seja, manter na própria companhia - e no país - os lucros remanescentes do exercício 2010 e a totalidade dos ganhos correspondentes a 2011", disse um comunicado da empresa.

A decisão fica agora a cargo da Assembleia de Acionistas, que foi convocada para 25 de abril. De acordo com a companhia, os dividendos somam 5,789 bilhões de pesos (1,321 bilhão de dólares).

Mezzadri, presidente de YPF ao final da década de 1980, diz que a disputa com o governo gera um clima de incertezas para o setor. "Esse cenário inibe novos investimentos em exploração", explica.

Um recente documento de dez províncias argentinas produtoras de hidrocarbonetos indicou quedas de 18% e 11% na produção de petróleo e gás, respectivamente, no país nos últimos dez anos. As ações da YPF chegaram a cair 4,50% nesta sessão, depois de uma alta de 9,05% na quarta-feira, após a reunião de diretores da companhia.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação