postado em 29/03/2012 19:43
São Paulo ; Os trabalhadores da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) decidiram nesta tarde encerrar a paralisação iniciada na última quarta-feira (28/3) contra o edital que prevê um novo sistema de controle do estacionamento no local.Segundo o diretor administrativo do Sindicato dos Permissionários das Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp), José Luiz Batista, a paralisação terminou por volta das 14h de hoje (29/3), após a decisão da Ceagesp de suspender o edital por 15 dias, prorrogáveis por mais 15, para discussão dos pontos em que há divergência.
A decisão foi tomada e comunicada à direção da Ceagesp, por escrito, após reunião entre representantes de cinco sindicatos e associações de permissionários, que decidiram aceitar a proposta da companhia de suspensão temporária do edital. Por volta das 15h, o fim da greve foi comunicado aos manifestantes. O movimento será suspenso até que o edital seja apresentado e discutido entre a companhia e os permissionários.
A paralisação na Ceagesp ocorreu porque na próxima segunda-feira (2/4) seria escolhida uma das empresas inscritas no processo de licitação para explorar o estacionamento. A ganhadora do processo terá de investir cerca de R$ 20 milhões na modernização do espaço, o que, segundo o diretor operacional da Ceagesp, Luiz Ramos, implicará repasse de custos aos usuários.
Com isso, um caminhão de dois eixos que estacionar por até dez horas no local pagará R$ 10 e ficará sujeito a uma tarifa punitiva de R$ 50 se passar desse prazo. Para um caminhão de três eixos, a taxa, também por dez horas, é R$ 11, com tarifa punitiva de R$ 60 para as horas excedente. De acordo com a companhia, a quase totalidade (90%) dos caminhões que entram no entreposto ficam estacionados por até dez horas.
Hoje de manhã, manifestantes bloquearam a entrada de caminhões e o acesso ao estacionamento, sob vigilância de policiais militares. Perto do escritório da direção, grupos de trabalhadores esperavam medidas que revertessem a previsão de cobrança do estacionamento dos veículos usados na movimentação de mercadorias. ;O diálogo com a companhia nos foi negado, e isso causou a paralisação. Agora, vamos começar o diálogo sobre os pontos [do edital] em que há divergência. Não somos contra o projeto. Somos contra nossa não participação no edital;, disse Batista à Agência Brasil.
Em entrevista coletiva no fim da tarde, o presidente da Ceagesp, Mário Maurici, disse que os pontos divergentes serão discutidos, mas descartou um recuo quanto à cobrança do estacionamento. ;Não vamos recuar. A questão não é cobrança de taxa, é controle do mercado. Numa área como essa, de 700 mil m2 [metros quadrados], há pessoas andando livremente de um lado para outro. É impossível dirigir uma instituição nessas condições. Precisamos implantar os controles, e esses investimentos precisam ser cobertos.;
Para garantir a normalidade no abastecimento e na comercialização de produtos no local, a direção da Ceagesp obteve liminar do juiz Julio Cesar Silva de Mendonça Franco, da 1; Vara Cível do Foro Regional IV-Lapa, requisitando a força policial necessária para que a posse do local seja retomada, caso algumas pessoas decidam continuar a movimentação. ;Isso significa que a comercialização está sendo reaberta a partir de agora [16h30]. Esperamos que o abastecimento no estado e no país não sejam comprometidos por essa ação;, disse Maurici.
Segundo ele, a Ceagesp movimenta diariamente 10 milhões de quilos de produtos, e o preço médio do quilo das mercadorias comercializadas é R$ 1,40. Estima-se que, em um dia e meio de paralisação, o prejuízo tenha chegado a R$ 21 milhões.
No ano passado, o mercado estabelecido com os permissionários movimentou R$ 5 bilhões, disse Maurici. Deste total, cerca de R$ 21 milhões foram pagos pelos permissionários à companhia, a título de aluguel. ;Ou seja, 0,5% do que é movimentado aqui é arrecadado para a Ceagesp, que tem obrigação de zelar pela infraestrutura, pela segurança do alimento, pela agilidade da carga e descarga;, reclamou Maurici. ;Esse é um espaço público. Não há por que oferecer vantagem de um setor público para um setor privado;, ressaltou.
Um dos maiores entrepostos do mundo, responsável pelo abastecimento de quase metade dos hortifrutigranjeiros consumidos no país, a Ceagesp era uma empresa estadual e, há 13 anos, foi trocada por uma dívida que o Estado de São Paulo tinha com o governo federal, explicou Maurici.[SAIBAMAIS]