Economia

Banco Central Europeu mantém taxa e descarta abandonar medidas anticrise

Agência France-Presse
postado em 04/04/2012 15:55
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quarta-feira (4/4) sua taxa básica de juros em 1%, anunciou um porta-voz ao término da reunião mensal da instituição em Frankfurt. O banco não altera sua taxa de juros desde dezembro do ano passado.

O BCE estabeleceu o nível de 1%, o mais baixo de sua história, em dezembro passado em um contexto de agravamento da crise da dívida na zona do euro. "Qualquer discussão sobre uma estratégia de saída é prematura atualmente", disse Mario Draghi na coletiva de imprensa posterior à reunião mensal do BCE.
Segundo Draghi, o BCE não pretende abandonar as medidas anticrise e voltar a aplicar uma política monetária mais ortodoxa.

A perspectiva inflacionária está "ancorada" e a situação econômica e o índice elevado de desemprego na zona do euro não permitem iniciar essa saída, disse Mario Draghi, diferindo da opinião do Banco Central alemão, que considera que chegou o momento de encarar o abandono das medidas anticrise.

O Bundesbank critica em particular o nível da taxa básica de juros, que o BCE manteve na quarta-feira em 1%, o mais baixo de sua história estabelecido em dezembro passado.

Para os alemães, essa taxa é muito baixa com relação à inflação que supera os 2%, acima do nível que o BCE deve fazer respeitar a médio prazo, e, principalmente, com relação à economia alemã, que teme a criação de uma bolha imobiliária.

O Bundesbank também se preocupa com a generosidade do BCE com os bancos da zona do euro, aos quais emprestou em duas etapas, em dezembro e fevereiro, 1 trilhão de dólares a três anos, um prazo inédito.

Cerca de 800 bancos se beneficiaram desses empréstimos, oferecidos a uma taxa de juros baixa.

O Banco Central alemão pensa que essa generosidade é muito arriscada e teme que, no caso de problemas de reembolso, o Banco Central Europeu (BCE) perca dinheiro.

Esses empréstimos pretendem facilitar as concessões de crédito por parte dos bancos a particulares e empresas para estimular o crescimento, o que, no entanto não tem se concretizado.

"Essas medidas não convencionais precisam de tempo para que seu pleno impacto seja sentido e tenham um efeito positivo no aumento dos empréstimos quando se reativar a demanda", disse Draghi, que pediu paciência.

Ao mesmo tempo, Draghi tranquilizou os alemães, dizendo que o BCE está monitorando de perto o nível dos preços.

"O presidente do BCE é o que tem a última palavra" no debate sobre uma "estratégia de saída" das medidas anticrise, disse Draghi. Na reunião de quarta-feira "não houve discussão sobre uma mudança das taxas", completou o presidente do BCE.

A decisão do banco quanto aos juros não surpreendeu os economistas, que haviam antecipado essa possibilidade em uma conjuntura marcada pela fragilidade da situação econômica na Eurozona e os riscos inflacionários provocados pela alta do preço do petróleo.

"A situação na zona do euro em geral é bastante frágil neste momento para que o BCE corra o risco de concentrar sua comunicação em uma estratégia de saída", disse o analista Gilles Mo;c, do Deutsche Bank, que recordou que no primeiro semestre de 2011 uma tentativa prematura de endurecer a política monetária deixou uma lembrança amarga.

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