Jornal Correio Braziliense

Economia

Evo Morales inicia rescisão com empresa brasileira para estrada na Amazônia

La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta terça-feira (10/4) o início de trâmites legais para anular o contrato de construção de dois trechos de uma polêmica estrada na Amazônia, a cargo da empresa brasileira OAS, por descumprir os termos acordados.

O governante boliviano comunicou à imprensa no Palácio Quemado a decisão, que atribuiu "outra vez ao descumprimento por parte da OAS" dos trabalhos de construção dos trechos I e III da rota Villa Tunari-San Ignacio de Moxos, no nordeste boliviano.Morales enumerou casos nos quais a OAS descumpriu anteriormente, como nas estradas Uyuni-Potosí-Uyuni e Potosí-Tarija, ambas no sul do país.

Entre as acusações, está, "por exemplo, a suspensão do trabalho feito pela OAS nos trechos I e III sem justificativa nem autorização, o descumprimento da empresa na mobilização de maquinaria e equipamentos para a construção dos trechos I e III", mencionou. Um partido de oposição, o Movimento Sem Medo (MSM, centro-esquerda), pediu na semana passada que a justiça investigasse o contrato com a OAS por supostas irregularidades, como sobrepreço.

O Ministério Público analisa os mecanismos para citar perante a justiça representantes da OAS, via Chancelaria, declarou a jornalistas o promotor José Ponce, que investiga o caso. O trecho II desta estrada, que atravessa uma reserva natural, foi cancelado por Morales em outubro do ano passado, quando centenas de indígenas amazônicos caminharam 600 km durante 65 dias e chegaram a La Paz para exigir o cancelamento das obras por eventuais danos ao meio ambiente.

Pouco depois, outra caminhada de indígenas - supostamente a favor de Morales - chegou a La Paz para pedir a construção da polêmica via, razão pela qual o Governo promove uma consulta aos povos nativos para definir se a estrada será construída ou não.