Economia

Desaceleração da economia não tira apetite da Vale de investir na China

postado em 10/04/2012 18:04
Rio de Janeiro - Nem a possibilidade de redução da atividade econômica este ano é capaz de frear o interesse da mineradora Vale em continuar investindo na China. Foi o que disse o presidente da companhia, Murilo Ferreira, baseado em uma estatística oficial, divulgada nesta terça-feira (10/4), segundo a qual a demanda chinesa por minério de ferro, principal produto exportado pela Vale, cresceu 6% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com os primeiros três meses de 2011.

;É provável que o crescimento econômico da China desacelere. Mas seu impacto será ainda importante;, disse Ferreira, ressalvando que ;há um exagero muito grande quando se trata de prever um processo de diminuição do ritmo chinês;. Ele lembrou que, desde 1998, a economia da China cresce mais do que a previsão oficial, contrariando o que chamou de uma ;torcida organizada; contra o crescimento dos países asiáticos. ;Nós confiamos na China. Nós não estamos preocupados com o que acontecerá neste semestre, no semestre seguinte, nem no ano seguinte;.

Ferreira participou de um evento na na Associação Comercial do Rio de Janeiro. Ele explicou que os projetos da Vale são de longo prazo e que o Brasil tem que estar preparado para oferecer os produtos que a China, o Japão e a Coreia, por exemplo, querem consumir.

Da receita da Vale, 53% são provenientes da Ásia, sendo 32% da China. Em contrapartida, a Europa, que era o principal mercado da mineradora brasileira, contribui atualmente com menos de 19% da receita líquida da compabhia que, no ano passado, somou US$ 60,3 bilhões, expansão de 29,9%.

;Nós temos que continuar investindo muito na Ásia, em especial na China, porque os desafios estão apenas começando (naquele país);, disse Ferreira. Ao mesmo tempo que a China está exportando cada vez mais produtos de maior valor agregado, ele lembra que as importações se mantêm dependentes das matérias-primas de outros países. Em consequência da industrialização crescente, da urbanização e dos gastos em infraestrutura, a China tornou-se, por exemplo, o maior consumidor mundial de metais. ;A China é cada vez mais dependente de minérios do Brasil e da Austrália;.

Para se fortalecer no mercado chinês, a Vale montou uma rede de distribuição de minério de ferro voltada ao apoio dos embarques para a Ásia. Isso inclui uma frota de 35 navios de 400 mil toneladas cada um, centros de distribuição no Oriente Médio e no Sudeste da Ásia e estações de transferência de carga nas Filipinas.

Com um total de 132 mil empregados em todo o mundo, a Vale está presente em 38 países. O orçamento da companhia para investimento em 2012 alcança US$ 21,4 bilhões. Os 20 maiores projetos da Vale em construção envolvem investimentos de US$ 48,5 bilhões nos próximos quatro anos, dos quais foram executados US$ 13,2 bilhões até o fim de 2011.

Murilo Ferreira pretende levar ao Conselho de Administração da Vale, ainda neste semestre, o projeto de Serra Azul, em Carajás, no Pará, considerado o maior da indústria global de minério de ferro. O projeto tem orçamento de US$ 19,5 bilhões e deverá entrar em funcionamento em 2016, com produção anual estimada de 90 milhões de toneladas do minério.

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