Economia

Repsol acusa Kirchner de tapar crise com YPF e pede US$ 10 bilhões

postado em 17/04/2012 15:07
MADRI - A Repsol acusou nesta terça-feira o governo da Argentina de expropriar a YPF para esconder sua própria "crise econômica e social" e anunciou que reivindicará 10 bilhões de dólares por uma decisão classificada de hostil pelo governo espanhol, cujo presidente acaba de chegar à América Latina em busca de apoio.

"Ao levantar a bandeira da expropriação e buscar um responsável na YPF, o governo argentino tenta esconder a realidade", disse o presidente da Repsol, Antonio Brufau, em uma entrevista coletiva em Madri.

Segundo o Brufau, as autoridades argentinas entraram nas instalações da Repsol YPF "sob o amparo de uma lei de Videla", em uma referência ao ex-ditador Jorge Videla. "Esta atuação não é própria de um país moderno. O povo deste país merece outra coisa", afirmou.

A Repsol pedirá em uma arbitragem internacional uma compensação de mais de 10 bilhões de dólares, que é o valor calculado pela empresa referente a sua participação de 57,4% na YPF. "Estes atos não ficarão impunes", disse Brufau.

O presidente da Repsol disse ainda que a campanha contra a empresa nas últimas semanas na Argentina foi "calculadamente planejada para provocar a queda da ação da YPF e facilitar a expropriação", com preço reduzido. "É ilegítimo e injustificável", disse.

O governo argentino acusou a empresa de não cumprir os compromissos de investimentos no país. Kirchner enviou na segunda-feira ao Congresso um projeto de lei para declarar 51% da YPF de utilidade pública.

O Ministério de Assuntos Exteriores espanhol convocou nesta terça-feira o embaixador argentino em Madri, Carlos Bettini, após a decisão do governo de Cristina Kirchner. Esta é a segunda convocação de Bettini em quatro dias.

"O país tem uma crise inflacionária, com níveis de inflação superiores aos que declara, de transporte, e crise cambial arbitrária que faz com que a economia argentina não seja competitiva", afirmou.

Esta decisão "situa a Argentina à margem da comunidade econômica internacional", afirmou o jornal El País, indicando que a YPF, dominada pelo governo argentino, perderá qualquer possibilidade de lucro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação