Economia

Pressão internacional cresce sobre Argentina após expropriação da YPF

postado em 18/04/2012 19:56
Washington - A pressão internacional seguia crescendo sobre a Argentina nesta quarta-feira (18/4), após a decisão de Buenos Aires de expropriar a petroleira YPF-Repsol, enquanto as ações da companhia mergulhavam.

Os Estados Unidos se mostraram "muito preocupados" com a decisão anunciada na segunda-feira (16/4) pelo governo da presidente Cristina Kirchner, segundo o porta-voz do departamento de Estado Mark Toner.

"Francamente, quanto mais analisamos isto, mais acreditamos que foi um acontecimento negativo", disse Toner em entrevista coletiva.

Washington tem seus próprios conflitos com a Argentina devido à ruptura de contratos contra empresas americanas, que levaram no mês passado à suspensão do país sul-americano do sistema de preferências tarifárias dos EUA.

Os fundos de investimentos dos Estados Unidos também processam a Argentina pelo "default" de 2001, já que vários credores privados americanos não aderiram à renegociação da dívida promovida por Buenos Aires.

Os Estados Unidos esperam que a Argentina "normalize suas relações com a comunidade internacional", disse Toner.

O presidente da petroleira espanhola Repsol, Antonio Brufau, exige do governo argentino o pagamento de 10 bilhões de dólares pela expropriação da YPF.

Brufau disse que recorrerá "à arbitragem internacional" para receber um valor "ao menos igual" ao pedido pela Repsol.

A Argentina tem vários casos pendentes no Centro Internacional de Resolução de Disputas (CIADI) do Banco Mundial, órgão encarregado de resolver questões entre países e investidores.

A linha de argumentação de Buenos Aires nestes casos é que corresponde a sua própria jurisdição interna decidir como indenizar os demandantes, o que pode retardar a solução por anos.

No caso da YPF, a Argentina acusa a Repsol de endividar a companhia em cerca de 9 bilhões de dólares.

[SAIBAMAIS]O governo justificou sua decisão argumentando que a produção de hidrocarbonetos da YPF se estancou e obrigou a Argentina a duplicar as importações de combustíveis entre 2010 e 2011, com perspectiva para gastar em 2012 até 12 bilhões de dólares em compras no exterior.

A Argentina deverá esclarecer "o processo pelo qual fará a transferência de propriedade. Como serão estes litígios, se no âmbito doméstico ou internacional", disse o economista para a Amérca Latina do Banco Mundial, Augusto de la Torre, ao apresentar as perspectivas para a região em 2012.

Os papéis da YPF caíram 24,07% nesta quarta-feira na Bolsa de Buenos Aires e, 32,72% em Nova York.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação