Agência France-Presse
postado em 20/04/2012 16:41
Washington - O FMI disse nesta sexta-feira (20/4) que arrecadou mais de 430 bilhões de dólares para sua "porta corta-fogo global" para intervir em possíveis crises econômicas, com os gigantes emergentes Brasil, Índia, Rússia e China contribuindo com significativas quantias para o fundo."Temos compromissos acima de 430 bilhões de dólares, o que praticamente dobra a capacidade de empréstimo do fundo", disse a diretora-geral Christine Lagarde em uma coletiva de imprensa.
Ela disse que o esforço "sinaliza a forte determinação da comunidade internacional para garantir a estabilidade financeira e colocar a recuperação econômica mundial em uma base sólida".
Com as promessas de Brasil, Índia, Rússia e China, o fundo supera a meta de 400 bilhões de dólares anunciada no encontro anual de primavera do FMI em Washington.
A zona do euro prometeu 150 bilhões de euros e o Japão, 60 bilhões de dólares.
"Esses recursos estarão disponíveis para todos os membros do FMI e não destinados a uma região em particular", destacou o Fundo, refletindo as preocupações dos membros de que o dinheiro seja destinado para mais resgates de países da zona do euro, especialmente a Espanha, que tem cada vez mais dificuldade para obter créditos.
Os mercados têm em mente "a possibilidade de um sério revés em países como a Espanha", disse o governador do Banco Central mexicano, Agustín Carstens.
"Estamos vendo a Espanha novamente sob pressão", admitiu Lagarde, que saudou as ações do governo em Madri.
O objetivo inicial do FMI era obter cerca de 600 bilhões de dólares para enfrentar eventuais novos pedidos de ajuda, em especial procedentes da Europa, mas a rejeição de Washington em contribuir levou a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, a revisar a meta para baixo.
O Fundo busca construir um sólido pacote de defesa contra o tipo de agitação nos mercados capaz de se alastrar além da zona do euro.
"Esperamos que mais países apresentem seus compromissos (de contribuição) nos próximos dias", disse a ministra dinamarquesa das Finanças, Margrethe Vestager, que representa a UE no G20.
Há três ausências notáveis: Estados Unidos, principal acionista do FMI; Canadá, outro membro do G7 que não aderiu ao esforço; e México, que preside o G20.
"Os Estados Unidos participam de uma forma diferente", afirmou Lagarde, ao ser perguntada sobre a decisão de Washington de não contribuir.
Segundo o FMI, "as previsões de crescimento para 2012 seguem sendo moderadas, o endividamento trava a progressão do consumo e dos investimentos e a volatilidade permanece elevada, o que reflete as pressões dos mercados financeiros na Europa e os riscos persistentes".
O FMI pode utilizar até 382 bilhões de dólares para seus Estados membros, segundo os últimos dados semanais sobre suas finanças. A Espanha já assinalou que não precisa deste tipo de ajuda do Fundo.