Economia

Carestia alimentar arruína Metas do Milênio, alertam Bird e FMI

Agência France-Presse
postado em 20/04/2012 19:40
Washington - Os altos preços dos alimentos arruínam as chances de cumprir metas ambiciosas, como reduzir pela metade a pobreza extrema e a fome em todo o mundo até 2015, alertou um relatório publicado nesta sexta-feira (20/4) pelo Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

os aumentos recentes nos preços internacionais dos alimentos paralisaram várias Metas de Desenvolvimento do Milênio, programa internacional estabelecido no ano 2000 pelas Nações Unidas, destacou o informe.

O mundo em desenvolvimento está "seriamente atrasado" com relação às metas relacionadas com a comida e a nutrição, e as taxas de mortalidade materna e infantil ainda são inaceitavelmente altas, alertou o documento, intitulado Relatório de Monitoramento Global.

Como resultado, o relatório destacou que 1,02 bilhão de pessoas provavelmente ainda estarão vivendo em pobreza extrema em 2015.

"Preços dos alimentos altos e voláteis não permitem prever o cumprimento de muitas metas do milênio, uma vez que corroem a capacidade de compra do consumidor e impedem que milhões de pessoas escapem da pobreza e da fome, além de ter impactos adversos de longo prazo sobre a saúde e a educação", afirmou Justin Lin, economista-chefe do Banco Mundial.

No ano 2000, as Nações Unidas estabeleceram um prazo de 15 anos para alcançar as metas de reduzir à metade da pobreza extrema, melhorar a saúde e a educação, bem como fomentar a capacitação das mulheres no mundo em desenvolvimento.

O relatório destacou que o mundo está muito longe do caminho que permitirá reduzir taxas de mortalidade materna e de crianças até os cinco anos de idade e que não conseguiria cumprir estas metas até 2015.

O avanço mais lento tem sido na redução da mortalidade materna, onde apenas um terço da meta foi alcançado.

A redução da mortalidade infantil e de crianças nos primeiros anos de vida teve avanços de apenas 50% no cumprimento da meta.

A boa notícia é que as metas relacionadas com a redução da pobreza extrema e o acesso à água potável foram alcançadas com muitos anos de antecedência, e os objetivos relativos à educação e à proporção de meninas e meninos frequentando as escolas estão a caminho de serem cumpridas.

Mas no que diz respeito à nutrição, o documento pediu aos países para criar medidas que os tornem mais resistentes às altas nos preços dos alimentos.

Os países deveriam usar políticas para encorajar fazendeiros a aumentar a produção e fazer uso de redes de segurança social para fortalecer as políticas nutricionais para impulsionar o desenvolvimento infantil.

Além disso, as políticas comerciais deveriam incentivar o acesso aos mercados de alimentos, reduzir a volatilidade dos preços da comida e estimular ganhos de produtividade.

No entanto, a redução do ritmo da economia global e a crise financeira na Europa têm tornado difícil para os países em desenvolvimento reagir à carestia dos alimentos.

"A frágil economia global pode muito bem reduzir o avanço dos países em desenvolvimento rumo a metas de desenvolvimento humano", disse Hugh Bredenkamp, vice-diretor do Departamento de Estratégia, Políticas e Revisão do FMI.

Embora os preços dos alimentos tenham caído em relação às altas de 2011, o custo das commodities continuou alto e volátil, "uma grande preocupação" no Oriente Médio e no norte da África, região que é a maior importadora mundial de trigo, destacou o relatório.

O documento destacou que as altas nos preços dos alimentos desde 2007 contribuíram para os levantes da Primavera Árabe.

Enquanto isso, os fluxos de ajuda parecem ter diminuído, à medida que grandes países doadores tiveram que fazer um controle maior em seus orçamentos em face da redução do ritmo global. Com base em planos de doação reportados entre 2011 e 2013, o desenvolvimento da ajuda estrangeira deve cair 0,2% ao ano, em média.

"Claramente, a assistência precisa ser alavancada em novas formas se quisermos melhorar a segurança alimentar e a nutrição, particularmente entre os pobres e vulneráveis", disse Jos Verbeek, economista chefe do Banco Mundial.

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