Agência France-Presse
postado em 30/04/2012 12:18
Madri - A Espanha confirmou oficialmente nesta segunda-feira (30/4) que voltou a cair em recessão, o que complica seu desejo de recuperar a confiança dos mercados, cada vez mais inseguros com relação ao país, principalmente com seu setor bancário, fragilizado desde o estouro da bolha imobiliária, entre o final de 2007 e início de 2008.Com a construção em ponto morto - devido em grande parte à rigorosa política de austeridade imposta pelo governo conservador, decidido a reduzir o déficit -, a economia sentiu o golpe e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,3% no primeiro trimestre, assim como no último trimestre de 2011, segundo dados governamentais preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O governo conservador de Mariano Rajoy e os economistas já haviam antecipado um retrocesso de 0,3%. O Banco da Espanha, mais pessimista, projetava um recuo de 0,4% no primeiro trimestre. Em seu comunicado, o INE explicou que o "comportamento foi uma consequência de uma contribuição mais negativa da demanda nacional (consumo residencial), compensada parcialmente por uma contribuição positiva da demanda externa (exportação e turismo)".
Sem o motor da construção, o país oscila desde 2008 entre a recessão e um crescimento fraco, com uma taxa de desemprego recorde de 24,44% e um clima de mal-estar social. O governo prevê que o país sairá desta recessão em 2013, com uma alta de 0,2% do PIB, após uma queda de 1,7% este ano. Muitos economistas não compartilham desta mesma opinião: a Fundação de Caixa de Poupança (Funcas) espera queda de 1,5% em 2013, o Commerzbank prevê recuo de 0,3% e o Natixis projeta queda de 0,5%, assim como a Standard and Poor;s.
Nesse contexto, o Banco da Espanha (central) contratou a mesma empresa de consultoria que trabalhou no caso da Irlanda, a BlackRock, para criar um "banco ruim", que reagruparia os ativos imobiliários ;podres; dos bancos do país, informou o jornal El Mundo. O Ministério de Economia espanhol confirmou que está considerando este mecanismo, mas insistiu que o faria sem fundos públicos.
Contudo, para Martin van Vliet, da ING, é pouco provável que este mecanismo melhore a situação financeira do setor bancário, a menos que seja acompanhado de uma injeção de capital público. Também nesta segunda-feira, a agência de classificação financeira Standard and Poor;s rebaixou as notas de nove bancos espanhóis, incluindo Santander e BBVA, assim como da Confederação de Caixas de Poupança (CECA), depois de uma redução de dois pontos da nota soberana da Espanha.
Os bancos afetados pela medida são: Santander, sua filial Banesto, BBVA, Banco Sabadell, Ibercaja, Kutxabank, Banca Civica, Bankinter e Barclays. Outros dois bancos do país, CaixaBank e Bankia, estão sob ameaça de rebaixamento. As notas do Santander e do BBVA, líderes do setor, foram reduzidas em dois pontos, a primeira de A%2b para A- e a segunda de A para BBB%2b.