postado em 03/05/2012 17:06
Rio de Janeiro ; O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (3/5), as medidas de austeridade adotadas pelos países desenvolvidos para combater os efeitos da crise econômica. Lula participou de um seminário promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre cooperação entre Brasil e África.Segundo Lula, essas medidas representam corte de investimentos públicos, diminuição de salários, demissões, redução dos benefícios de trabalhadores e aumento da idade mínima para aposentaria.
;Eles pedem austeridade aos povos, aos trabalhadores e aos governos dos países mais frágeis economicamente, mas, ao mesmo tempo, aprovam pacotes de recursos no sistema financeiro justamente nos setores responsáveis pela ciranda especulativa que gerou a crise desde 2008. Ou seja, punem as vítimas da crise e distribuem prêmios aos responsáveis por ela. Há algo de muito errado nesse caminho;, disse.
Lula citou como exemplo positivo de postura diante da crise um programa elaborado pelos países africanos para integrar o continente, intensificando o comércio entre as nações do continente, propondo medidas para aumentar os investimentos, o consumo interno e elevar empregos.
;A União Africana mostra a seriedade daqueles que, diante da crise, não se desesperam. O momento é de ousadia e não de passividade. A hora é de união e não de divisão. O tempo é de solidariedade e não de opressão dos mais fortes sobre os mais fracos;, disse.
Lula discursou pela primeira vez em sete meses, desde que iniciou o tratamento de combate a um câncer na laringe. Ele chegou à sede do banco usando uma bengala e chegou a pedir compreensão da plateia, formada por empresários e autoridades brasileiras e de países africanos, porque teria que falar de forma lenta.
;Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar;, desculpou-se o ex-presidente, que falou por cerca de 20 minutos.