postado em 03/05/2012 18:28
A queda da taxa básica de juros (Selic) vinha provocando discussões dentro e fora do governo sobre a necessidade de uma alteração no cálculo do rendimento das cadernetas de poupança. Isso porque, com a poupança mais atrativa, os investidores poderiam deixar os fundos de renda fixa, que são formados por títulos públicos utilizados pelo governo na rolagem da dívida. [SAIBAMAIS]No dia 24 de abril, a presidenta Dilma Rousseff evitou antecipar qualquer alteração na remuneração da caderneta de poupança, ao responder perguntas sobre o assunto, e disse que trataria o assunto com calma. ;Cada dia com sua agonia, não adianta nos anteciparmos. Sem dúvida nenhuma, todas as questões vão ser avaliadas pelo governo com muita calma, muita tranquilidade;, disse.
Estudo recente da Associação Nacional de Executivo de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), no entanto, mostrou que a redução da Selic para 9% ao ano tornou a poupança investimento mais interessante do que os fundos de renda fixa em alguns casos.
Ao contrário dos fundos de renda fixa, a caderneta de poupança rende a TR (taxa referencial) mais 6% ao ano, não recolhe Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos e é livre da taxa de administração cobrada pelos bancos. No caso do IR, a incidência do tributo nos fundos de renda fixa varia de 22,5% em aplicações de até seis meses e cai para 15% para aplicações acima de dois anos, tornando desvantajoso também aplicações de curto prazo.
A taxa de administração, a depender do banco, é outra desvantagem dos fundos de renda fixa e pode variar de 0,5% ao ano a 4% ao ano. Pelos cálculos da Anefac, quando os fundos de renda fixa ficarem com rentabilidade mensal menor do que 0,54%, a poupança passa a ser melhor para o investidor. Ou seja, para competir com a poupança, o dinheiro aplicado deve render pelo menos 0,55% ao mês nos fundos.
O dinheiro da poupança é destinado, na maior parte, para a habitação. Os bancos são obrigados, por lei, a destinar 65% dos recursos da poupança ao crédito imobiliário.
Não é a primeira vez, nos últimos três anos, que o governo propões mudanças no cálculo da caderneta de poupança. Em maio de 2009, a equipe econômica propôs alterações na aplicação. A proposta, na época, era cobrar IR sobre a poupança a partir de um determinado valor, medida que atingia 1% dos poupadores. Em setembro do mesmo ano, o governo voltou a propor mudanças. As propostas, informou o Ministério da Fazenda, dependiam de análise do Congresso Nacional e terminaram não sendo enviadas para o Legislativo