Economia

UE diz que reação do Brasil ao protecionismo da Argentina foi muito tímida

Agência France-Presse
postado em 07/05/2012 14:23
Bruxelas - O Brasil deve dar o exemplo e responder com mais dureza às medidas protecionistas da Argentina, pediu nesta segunda-feira (7/5) a União Europeia (UE), ao criticar a "reação tímida" do governo de Dilma Rousseff até agora.

Apesar de o "Brasil ter sido duramente golpeado" por grandes obstáculos que o governo argentino impôs às importações, "seus dirigentes tiveram uma reação tímida demais", disse nesta segunda-feira o comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht, durante conferência sobre as relações entre Brasil e a UE em Bruxelas.

A UE considera que o governo brasileiro "deveria justamente ter tomado o caminho oposto, deveria estar levantando a voz e dando o exemplo", enfatizou o comissário europeu.

A Argentina impôs em fevereiro um mecanismo que obriga a fazer uma declaração juramentada antes de autorizar a entrada de produtos de outros países, uma medida fortemente criticada pela indústria brasileira, que a considera uma barreira ao comércio.

Contudo, as autoridades brasileiras optaram pela discrição sobre os obstáculos argentinos.

Depois de um recorde histórico no comércio bilateral em 2011, as exportações do Brasil a Argentina somaram 1,351 bilhão de dólares em abril, 23% a menos que um ano antes, informou na semana passada o Ministério do Comércio brasileiro.

"Ao mesmo tempo, o Brasil aprovou medidas bastante questionáveis como uma taxa discriminatória à importação de veículos, uma exigência de conteúdos locais no setor de telecomunicações e procedimentos muito complicados para a importação de têxteis", criticou De Gucht.

A presidente brasileira defendeu estas medidas durante a cúpula das Américas, realizada na Colômbia em meados de abril, argumentando que a zona do euro reagiu à crise econômica através de uma expansão monetária, provocando um "tsunami" que valoriza a moeda brasileira e afeta a competitividade da indústria nacional.

"É claro que temos que tomar medidas para nos defender (...). Não podemos deixar que nossos setores manufatureiros sejam canibalizados", afirmou Rousseff na ocasião.

[SAIBAMAIS]De Gucht se mostrou otimista com o "avanço" das negociações entre o bloco europeu e o Mercosul a partir de julho, durante a presidência rotativa do Brasil.

Mas as "negociações não se limitam à troca de produtos agrícolas e industriais entre o Brasil, o Mercosul e a UE", disse o comissário, que avaliou que o aumento das trocas comerciais poderia ser de 9 bilhões de euros com a aprovação de acordo com o bloco sul-americano, formado com Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e a Venezuela em processo de adesão de pleno direito.

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