São Francisco - A estreia do gigante das redes sociais Facebook na bolsa nova-iorquina na sexta-feira representa uma aposta segura para os pioneiros da empresa, mas para outros, como os publicitários, o panorama é incerto.
O Facebook aumentou, nesta terça-feira (15/5), o preço que pretende cobrar por suas ações ao entrar na bolsa, o que daria à rede social um valor que poderia superar os 100 bilhões de dólares.
O diretor geral da empresa, Mark Zuckerberg, de 28 anos, que criou o site há oito anos em seu quarto de estudante, reservou para si 57,3% dos direitos a voto, ou seja, conserva o poder absoluto sobre o destino do portal.
Como acionista majoritário, poderia se tornar ainda mais rico rapidamente: alguns analistas preveem que cada ação aumentará a 44 e até 46 dólares a curto prazo, enquanto outros, ao contrário, apostam em uma queda dos preços.
As perspectivas de evolução do volume de negócios são motivo de polêmica. No primeiro trimestre, o site lucrou 1,06 bilhão de dólares, o que representa um aumento de 45% em um ano. Mas, com relação ao quarto trimestre de 2011, os lucros por usuário recuaram 6%.
Cerca de 85% das receitas do site vêm de publicidade e um em cada sete minutos transcorridos online são dedicados ao Facebook. Isso permite prever uma ampla margem de alta.
Os que já têm ações da empresa, como é o caso dos primeiros empregados, estão certos de que vão ficar ricos do dia para a noite, mas outros, como os publicitários, temem que suas possibilidades de fazer negócio com o Facebook não se multipliquem tão rápido como gostariam.
"Apesar de o Facebook conseguir se adaptar para satisfazer seus consumidores, foi ineficiente com os publicitários", disseram Nate Elliott e Melissa Parrish, do escritório de marketing Forrester, ao lembrar a sucessão de modelos publicitários experimentados durante os últimos cinco anos.
"Gostaríamos de prever que esta entrada na bolsa representa um novo começo para a oferta publicitária do Facebook e que novos esforços para lidar com os grandes os incentiva a dedicar os anunciantes metade da atenção que presta aos internautas", acrescentavam.
"Contudo, duvidamos que Zuckerberg acorde de repente com o gosto ou inclusive a compreensão da publicidade", disseram Elliott e Parrish, que parabenizaram, no entanto, a velocidade de adaptação do site, "que permitiu ao Facebook desenvolver-se rapidamente ao longo dos anos, apesar de persistentes dificuldades com relação à privacidade".
"A única razão que pode motivar uma empresa a entrar (na bolsa), é arrecadar fundos para se desenvolver", disse o analista Tim Bajarin da Creative Strategies.
"Pelo menos, o público em geral sabe que a entrada na bolsa significa que o Facebook terá os recursos para fazer mais coisas", com os cerca de 5,6 bilhões de dólares que poderia ganhar na operação, sem contar outros 5 bilhões que irão para acionistas vendedores.
O site faz todo o possível para se adaptar aos novos hábitos de consulta, com aplicativos compatíveis com aparelhos portáteis, e alguns estimam inclusive que a entrada da rede social na bolsa poderia permitir o desenvolvimento de um "telefone Facebook".
"Apesar de a empresa ainda não ter desenvolvido capacidades publicitárias nos celulares, prevemos que o Facebook dedique uma grande quantidade de gastos com publicidade em celulares nos dois anos" seguintes, afirmaram os especialistas do gabinete de análise financeiro Morningstar.