Economia

França e Alemanha garantem que farão de tudo para manter Grécia na Eurozona

Agência France-Presse
postado em 21/05/2012 13:29

[SAIBAMAIS]Berlim - Os ministros de Finanças de Alemanha, Wolfgang Sch;uble, e França, Pierra Moscovici, disseram nesta segunda-feira (21/5) em entrevista coletiva conjunta que ambas as nações não medirão esforços para manter a Grécia no euro e também apontaram seus pontos de vista sobre as soluções para a crise europeia.


"Nós concordamos em fazer todo o esforço possível nesse sentido", disse Sch;uble aos repórteres.

O ministro francês, por sua vez, disse que tanto ele quanto Sch;uble concordam que a Grécia possui seu lugar na zona do euro, mas Atenas deve respeitar seus compromissos.

"A Europa precisa enviar sinais claros de reforço aos investimentos e ao crescimento na Grécia, em um momento no qual o país vive uma forte recessão", disse o ministro francês em sua primeira visita à Berlim como ministro de Finanças do governo socialista de François Hollande.

Para Sch;uble, a eleições legislativas gregas de 17 de junho precisam legitimar um governo funcional.

Apesar das declarações de apoio dos ministros, o caos político grego tem alimentado fortemente a perspectiva de saída do país do euro.

Para ilustrar o teor das preocupações políticas com relação à Grécia, de Paris, o líder da esquerda radical grega, Alexis Tsipras (apontado como provável vencedor nas eleições legislativas de 17 de junho), disse que o memorando (plano de austeridade imposto pela UE e pelo FMI à Grécia em troca de assistência financeira) não será negociado, "porque o inferno não se negocia".

A Grécia, no entanto, não é o único país no qual tem ganhado espaço o voto contrário às medidas de austeridade. Nas eleições municipais celebradas no domingo e na segunda-feira na Itália, houve uma abstenção massiva, e um voto crescente a favor de um movimento hostil à "partidocracia", que governará a cidade de Parma.

Ante este clamor por mudanças e com a campanha do presidente socialista francês a favor do crescimento econômico, a Alemanha parece cada vez mais isolada em sua defesa ferrenha à austeridade como remédio para a crise da dívida na Europa.

Contudo, Moscovici e Sch;uble quiseram transmitir uma imagem de unidade dois dias antes de uma reunião de chefes de Estado e da União Europeia prevista em Bruxelas.

Em um sinal a Berlim, o ministro francês afirmou que "serão respeitados os compromissos adotados pelo presidente François Hollande durante sua campanha em matéria de finanças públicas".

Isso sim, repetiu ele em Paris, "colocará sobre a mesa" todas as soluções possíveis para estimular o crescimento na zona do euro, dando a entender que entre estas medidas estão os eurobônus, obrigações comuns europeias rejeitadas por Berlim.

Segundo o ministro Moscovici, os eurobônus são uma ideia forte para a França.

Ao mesmo tempo, no entanto, o porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, Georg Streiter, afirmou nesta segunda-feira que, "para a Alemanha, as obrigações europeias comuns não são uma solução".

A primeira economia europeia, que continua crescendo apesar da crise da zona do euro e das dificuldades de seus vizinhos e sócios, considera que as taxas de juros muito baixas através das quais o país financia sua dívida são fruto de seu controle orçamentário e não dispõe a dividir os ganhos de sua economia com outras nações que não apresentarem os mesmo níveis de sacrifício.

Tanto Sch;uble quanto Moscovici se mostraram evasivos sobre um tema delicado: a possível nomeação de Sch;uble à frente do grupo de ministros de Finanças da Eurozona, o Eurogrupo.

Segundo fonte diplomática francesa, Paris considera "incômodo que uma das maiores economias da zona do euro presida o Eurogrupo".

Outro ponto de divergência europeu tem sido quanto à capacidade de recuperação da Espanha, cuja economia voltará a contrair-se no segundo trimestre deste ano, ou de seus bancos.

Nesta segunda-feira (21/5), Sch;uble se mostrou convencido de que Madri tomará as decisões necessárias.

O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, afirmou que a Espanha não precisará de nenhum tipo de ajuda externa para recapitalizar seus bancos, derrubados pelo estouro da bolha imobiliária.

Contudo, o presidente francês, que receberá na quarta-feira (23/5) o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, defendeu a ativação dos "mecanismos de solidariedade europeia" para os bancos espanhóis.

Até agora, Berlim foi contrário a que os fundos de ajuda europeus - o FEEF e seu sucessor, o MEE -, pudessem ajudar diretamente aos bancos.

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