Economia

OCDE projeta crescimento do Brasil, mas pede vigilância da inflação

Agência France-Presse
postado em 22/05/2012 09:39
Paris - As firmes políticas monetárias, o consumo e os investimentos privados contribuirão para que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registre crescimento de 3,2% este ano e de 4,2% em 2013, mas o país precisa vigiar a inflação, afirma a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

O crescimento do PIB brasileiro passou de 7,6% em 2010 a 2,7% em 2011, mas em 2012 subirá a 3,2% e em 2013 a 4,2%, destaca a OCDE em seu relatório semestral. Os índices são bastante superiores à média dos países da OCDE (formada por 30 das principais economias industrializadas), que será de 1,8% este ano e de 2,4% em 2013. Isto será possível graças às rápidas e firmes políticas de estímulo adotadas pelo governo de Dilma Rousseff, assim como ao consumo e investimentos privados, afirma a organização.
[SAIBAMAIS]
A OCDE adverte, no entanto, que à medida que a economia atingir a velocidade de cruzeiro "será necessário suspender algum estímulo monetário" para manter a inflação sob controle. Um dos principais focos inflacionistas é, segundo a organização, a estratégia do Banco Central de facilitar a liquidez com a redução das taxas de juros, atualmente em 9% nominais e que podem ser reduzidas em 0,5% a curto prazo.

Os cortes das taxas de juros podem representar, no entanto, um passo na esperada mudança para a criação de uma estrutura de créditos mais baratos, admite a organização, da qual o Brasil não é membro, assim como nenhuma das economias emergentes que integram o bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O setor privado brasileiro exige há muito tempo uma redução mais agressiva na taxa básica de juros, para desestimular a entrada de fluxos de capital estrangeiro que valorizam o real e diminuem a competitividade da indústria. A OCDE alerta, no entanto, que as medidas para conter a valorização da moeda brasileira podem ter um efeito temporário, na melhor das hipóteses.

Os riscos destas medidas para o país são justamente os de uma mudança radical dos fluxos de capital no caso de mudança de humor dos investidores. Os resultados das exportações, e em particular a competitividade produtiva, se ressentem tanto pela valorização do real quanto pelos desafios estruturais.

Por isto, a OCDE também recomenda a resolução dos fatores estruturais que fragilizam a produção e, em particular, a diminuição e simplificação da carga de impostos, o fortalecimento dos mercados financeiros e a melhora da infraestrutura. A demanda interna vai continuar sustentando o crescimento do PIB brasileiro acima da tendência mundial no primeiro semestre de 2012, mas deve desacelerar com a suspensão de algumas políticas de estímulo, prevê a OCDE.

A meta de inflação do Banco Central do Brasil para 2012 é de 4,5%, com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais. A principal ameaça não apenas para a economia brasileira, e sim para a mundial, continua sendo a crise da dívida na Eurozona.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação