Economia

Agência Fitch reduz nota do Japão ante endividamento excessivo

Agência France-Presse
postado em 22/05/2012 16:11
Tóquio - A agência de classificação Fitch rebaixou em dois escalões, para "A%2b", a nota da dívida a longo prazo do Japão, sob a alegação do grande endividamento do país, que equivale a mais do que o dobro do Produto Interno Bruto (PIB).

A nova nota do Japão está acompanhada de uma perspectiva "negativa", o que significa que após dois anos ela pode ser novamente reduzida. A nota "A%2b" ocupa o quinto lugar na escala de notas da Fitch, que tem 22 níveis.

Nesta terça-feira (22/5), em suas previsões semestrais, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) destacou que o PIB do Japão deve crescer 2% em 2012 e 1,5% em 2013.

"O rebaixamento e a perspectiva negativa refletem os riscos crescentes que pesam no perfil orçamentário do Japão, devido ao significativo aumento de sua dívida", explicou Andrew Colquhoun, responsável da Fitch pela classificação dos países da região Ásia-Pacífico, em um comunicado. Para ele, o plano de consolidação orçamentária do país é frágil, inclusive com relação a outros países desenvolvidos sob pressão orçamentária, e a aplicação deste plano "está sujeita a incertezas políticas", disse o analista.

A Fitch recordou que o endividamento bruto das autoridades japonesas se elevará a "239% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para o final de 2012, representando a taxa mais alta de todos os países classificados pela agência".

O governo japonês, que financia mais da metade de seu orçamento através da emissão de novas dívidas, apresentou ao Parlamento no final de março um projeto de lei que prevê o aumento dos impostos ao consumidor para financiar o sistema de proteção social e conter a colossal dívida da terceira maior potência econômica mundial.

O projeto, defendido pelo primeiro-ministro de centro-esquerda, Yoshihiko Noda, prevê que este imposto indireto, atualmente em 5%, passe a 8% em abril de 2014 e a 10% em outubro de 2015. Contudo, a oposição dos conservadores e de uma parte do próprio partido de Noda torna incerta a adoção deste texto.

O crescente endividamento do país tem motivado que outras duas grandes agências de classificação se perguntem também sobre a solidez financeira das autoridades japonesas: a Moody;s, que reduziu a nota do país em um escalão, a Aa3 (4; melhor nota de 19, com perspectiva estável), em agosto passado, e a Standard and Poor;s, que colocou suas estimativas em AA- (4; melhor de 22) com perspectiva negativa em abril 2011.

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