Economia

Além dos eurobônus, França usará "project bonds" como instrumento da dívida

postado em 23/05/2012 17:34
Bruxelas - O novo presidente francês, François Hollande, deve propor na reunião de líderes europeus desta quarta-feira (23/5) mais um instrumento da dívida além dos eurobônus: os ;project bonds; (obrigações destinadas a projetos concretos). Ambos têm em comum a ideia de mutualizar a dívida de vários países europeus, mas suas finalidades são distintas.

OS EUROBÕNUS:

Os eurobônus são uma velha ideia dos partidários de uma Europa mais federal: os estados membros da zona do euro emitem dívida pública em comum com os mercados na forma de eurobônus para se proteger mutuamente dos ataques especulativos.

Este instrumento permitiria aos países mais frágeis da zona do euro, que atualmente estão pagando taxas de risco muito altas, beneficiar-se das taxas de juros baixas que desfrutam os estados mais sólidos economicamente.

Os eurobônus podem ser garantidos por todos os países da união monetária europeia.

A taxa de juros dos eurobônus seria a média da taxa de cada país, ajustada em função do peso econômico de cada um. Países como Itália ou Espanha, que estão pagando taxas de juros entre 5,5% e 6% a dez anos, se beneficiariam assim da solidez da economia alemã, que desfruta de taxas de 1,4% graças a sua nota "AAA".

Os eurobônus permitiriam aos estados refinanciar sua dívida, ou seja, reduzir seu déficit e pagar a seus credores. Esta nova dívida comum substituiria em parte a atual dívida nacional ou poderia complementá-la.

OS ;PROJECT BONDS;:

Os ;project bonds; também são obrigações comuns de vários países europeus, mas seu objetivo é financiar grandes projetos de infraestrutura do continente.

Contrariamente aos eurobônus, que preveem nova dívida para os Estados, os ;project bonds; gerariam um ativo (o projeto terminado).

Um acordo recente, ainda a ser confirmado pelos 27 países da União Europeia, permitirá lançar uma fase piloto para os ;project bonds;, que permitiria a captação de até 4,5 bilhões de euros para financiar, a partir do mês de julho, cinco ou seis projetos em transporte, energia e economia digital.

A POSIÇÃO DA FRANÇA:

O novo presidente François Hollande propõe tanto os "project bonds", para favorecer o crescimento, quanto os "eurobônus", para frear a especulação contra os estados mais frágeis. O líder italiano, Mario Monti, também é favorável aos dois instrumentos.

A POSIÇÂO DA ALEMANHA:

A Alemanha é hostil principalmente aos eurobônus, que levariam o país a emitir títulos da dívida por um valor mais alto do que desfruta atualmente, que estão em um patamar historicamente baixo graças a suas políticas de rigor.

Os responsáveis alemães não querem "compartilhar" suas taxas de juros com países com menos disciplina econômica.

Já os ;project bonds; podem ser aceitos pela Alemanha. Alguns responsáveis alemães também não excluem a possibilidade de o país aceitar eurobônus no médio ou longo prazo.

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