postado em 31/05/2012 16:29
São Paulo ; A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) assinaram nesta quinta-feira (31/5) uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP) para lançar o Programa de Extensão Tecnológica Fiesp-Ciesp-Senai e do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão da Inovação nas Empresas da Agência USP de Inovação Tecnológica.O objetivo é fomentar o desenvolvimento tecnológico dentro das empresas, propiciando capacitação, financiamento, análise e estruturação dos projetos até sua implantação. A parceria envolve três programas. Um para atender 240 empresas de diversos setores, em seis regiões do estado; outro para 400 empresas do setor de petróleo e gás de dez regiões; e o terceiro, voltado a empresários de todas as áreas, com duração de oito meses e 500 vagas.
De acordo com o vice-presidente da Fiesp, João Guilherme Sabino Ometto, ações como essa ajudam a combater a desindustrialização do país, pois reúnem conhecimento, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, o resultado da iniciativa, em geral, são produtos com mais qualidade, de menor custo e mais aceitação por parte do consumidor.
;Isso agrega valor aos produtos e melhora a oportunidade de exportar, de competir no mercado interno e criar emprego de melhor qualidade, porque quando o produto tem conteúdo tecnológico maior e de mais inovação, muitas vezes conquista espaços que fazem com que a empresa invista mais e contrate mais gente;.
Ometto destacou que as empresas estão dispostas a investir nesses projetos porque há muita competição das empresas nacionais com as internacionais, porque há países que estão investindo muito mais do que o Brasil, conquistando espaços e aproveitando crescimento de mercados de outros países. ;O mercado do Brasil cresceu muito porque aumentou a renda dos brasileiros durante a última década. As pessoas estão comprando mais produtos e se o empresário brasileiro não investir em fazer produtos que o mercado está desejando, os produtos virão de fora;.
A parceria começa com a utilização da rede da Fiesp e do Ciesp em todo o estado, com a capacitação de todas as diretorias em regiões importantes para, no futuro, elaborar um plano de gestão e inovação. O presidente em exercício do Ciesp, Rafael Cervone Neto, ressaltou que o empresário não é resistente à inovação, mas o ambiente dentro das empresas é muito agressivo, com uma série de barreiras para o crescimento.
;Muitas vezes, o empresário fica apagando incêndios. É importante que ele mude o foco e saiba que a inovação é um diferencial competitivo para ele. Outro fator importante é que os países desenvolvidos e que se desenvolveram por meio da inovação, muitas vezes, não produzem mais e, sim, [o fazem] na Ásia. O Brasil ainda tem um diferencial competitivo porque possui o conhecimento de todos os elos da cadeia industrial, mas os países desenvolvidos mantêm centros de pesquisa e não aplicam na ponta. Essa é outra oportunidade que temos;.
O pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antônio Zago, lembrou que há muito tempo fala-se da interação entre a academia e o setor produtivo, e o lançamento do programa serve como uma maneira para demonstrar que a universidade se interessa pelo que ocorre na sociedade. ;A universidade deve preparar as pessoas para os empregos. Deve criar conhecimento por meio da pesquisa, mas deve também transferir esse conhecimento para a sociedade;.
Segundo Zago, atualmente, o principal gargalo para o desenvolvimento brasileiro é a formação de profissionais qualificados de nível técnico e superior, tanto em quantidade quanto qualidade. Por causa disso, lembrou o pró-reitor, o Brasil tem importado muita mão de obra. ;Temos um mercado aquecido em várias áreas tecnológicas e não temos formado pessoas suficientes. Significa que há espaço para pessoas qualificadas do exterior e, como muitos países estão em dificuldades econômicas, muitos profissionais estão chegando ao Brasil;.