Agência France-Presse
postado em 11/06/2012 17:10
Berlim - Depois de socorrer Grécia, Irlanda e Portugal, a zona do euro decidiu ajudar a Espanha, elevando assim a fatura da crise da dívida a meio trilhão de euros, uma quantidade ainda manejável para os fundos existentes.Os europeus aceitaram neste sábado pagar por até 100 bilhões de euros para ajudar a Espanha a recapitalizar seu sistema bancário. Com um empréstimo deste porte e uma taxa provável de 3%, a dívida pública de Espanha aumentará em 10 pontos, para cerca de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final de 2012, de acordo com o jornal El País.
[SAIBAMAIS]Caso o crédito à Espanha, que se converte assim no quarto país a receber ajuda da zona euro, chegue de fato aos 100 bilhões de euros oferecidos, a ajuda total da zona do euro irá para 503 bilhões de euros, sendo 240 bilhões aprovados para Grécia, 85 bilhões para Irlanda e 78 bilhões para Portugal. A soma, ainda que gigantesca, deve ser absorvida sem problemas pelos fundos de ajuda existentes, sem que países como Alemanha tenham que colocar mais dinheiro.
A zona do euro dispõe de dois fundos: o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), criado de urgência na primavera de 2010 e outro provisório, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que deve entrar em vigor em 1; de julho, destinado a ser permanente. O primeiro pode apoiar com um máximo de 440 bilhões de euros aos Estados em dificuldades, sendo que quase a metade desse montante já está comprometida. O segundo pode emprestar até meio trilhão de euros. Os dois fundos conviverão até o verão de 2013.
Caixas cheias
"Os caixas (destes dois mecanismos) estão ainda muito cheios", disse à AFP Holger Schmieding, economista do banco Berenberg. Segundo o especialista, os gastos dos mecanismos de garantias só se traduziriam em preocupações no caso de algum país não reembolsar o empréstimo. Quanto mais forte é uma economia, maior sua participação nestes fundos: Alemanha paga 27% das garantias totais do MEE e a França em torno de 20%, seguidas por Itália, 18%, e Espanha 12%.
Com estas garantias, o FEEF e o MEE captam dinheiro nos mercados a taxas reduzidas e depois emprestam aos países em dificuldades com uma bonificação como intermediários. Ainda não se sabe se a Espanha irá pedir ajuda ao FEEF ou esperar que o MEE se estabeleça. "Madri pode ter interesse em passar pelo FEEF", diz Gilles Mo;c, economista do Deutsche Bank. "Os estatutos do FEEF protegem mais aos investidores privados que emprestam do organismo, tornando o negócio mais atrativo para os bancos e outros ;hedge funds;, ou fundos especulativos", completa.
Já a Alemanha prefere que o MEE se encarregue da dívida espanhola, já que sua estrutura protege melhor os interesses dos países sólidos. O FEEF prevê que os Estados ajudados sejam excluídos da lista de credores e que a participação dos Estados "sãos" aumente, o que automaticamente faz aumentar sua dívida pública.
A Bélgica tem calculado que se o FEEF assumir apenas parcialmente a ajuda à Espanha, sua taxa de dívida pública aumentaria em 0,2% ou 0,3% do PIB. Já no regime do MEE, que conta com fundos próprios e que prevê que todos sejam garantidores, mesmo os que estão sob ajuda, um novo empréstimo não mudaria nada para os Estados contribuintes.
A questão sobre se o mecanismo de ajuda terá impacto para Espanha depende agora da Alemanha, que está atrasada no processo de ratificação do MEE.