Economia

Seguradoras mostram interesse em ampliar investimentos no Brasil

Vera Batista
postado em 19/06/2012 11:10
Rio de Janeiro -- O Brasil é um dos maiores pólos de atração das empresas de seguros. Nos últimos 100 anos, apesar das crises internas e externas, o mercado segurador no Brasil cresceu, em média, 4,5% ao ano, considerando todos os períodos de descontrole de juros e inflação e de crises financeiras internacionais, nos cálculos de Dyogo Henrique Oliveira, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda. Um dos preferidos entre os emergentes, o mundo está de olho nesse nicho de prosperidade chamado Brasil, ao mesmo tempo em que analisa com grossas lentes onde vale investir os agora escassos recursos globais. As discussões, durante a abertura do 48; Seminário Anual da Internacional Insurance Society (IIS) ; que reuniu 107 seguradoras de 92 países -, ontem, revelaram preocupação com os rumos da regulamentação no Brasil, com os riscos envolvidos ; que começam a mudar de padrão - e com a criação de novos produtos para atender à demanda dos segmentos da sociedade que passaram a fazer parte do mercado de consumo.

O Brasil representa mais de 50% do mercado de seguros da América Latina e 62% das empresas são nacionais, mas apenas 25% da população tem complementação de saúde suplementar, destacou Patrick de Larragoiti, presidente da Sul América Seguro. Só 11% tem seguro para automóveis. E desses, cerca de 90% são de veículos novos, o que exclui grande parte da Classe. Essa grande demanda precisa ser suprida, segundo ele. ;Nos temos tido só boas notícias. É, então, o momento da oferta de novos produtos,para inserir 30 milhões de novos consumidores. Os desafios futuros serão incentivar produtos de acumulação, como seguros de saúde e educação para as classes C e D, ;, assinalou. Para Denis Kessler, presidente da seguradora francesa SCOR, os desafios vão além. Embora os mercados emergentes estejam acertando o passo, o nascimento de novos produtos tem tido pouco criatividade, o que ele chamou de ;movimento de hibridização; - uma espécie de cópia dos produtos usados lá fora. ;Notamos que há pouca especificação local;, disse. Kessler jogou por terra o pensamento de que o Brasil é um país de baixo risco.

Porque, ao contrário de outros, não tem furacões ou terremotos. O descuido com o meio ambiente, porém, vem tornando o país um foco de enchentes e deslizamentos que dão prejuízo às companhias. Ele lembrou que se tornou fundamental repensar esse mito, principalmente depois de 2006, quando da passagem do primeiro furação da América do Sul, o Catarina. Da mesma forma a Rússia começou a despertar esse mesmo sentimento, depois do surto de calor de 2010, com alto índice de mortalidade, em conseqüência da poluição do ar. Na Índia, ele lembrou que houve 21 eventos catastróficos desde 2009. E a China, com um Produto Interno Bruto (PIB), de US$ 1,35 trilhão, pouco faz para tratar de suas indústrias poluidoras. ;O risco mundial é bem maior do que supõe. Há ainda muita coisa desconhecida. Não acho que existam oportunidades de ouro. Digamos que sejam de prata ou de bronze;, destacou, ao encerrar seu discurso afirmando que ;mais importante que a renda, nesse mercado, é preocupação com a volatilidade, com as flutuações inesperadas;.

Novidade
Até o fim do ano, deverá entrar no mercado novo tipo de seguro para carro popular, com mais de três anos de fabricação. A informação foi dada, ontem, na abertura do 48; Seminário Anual da Internacional Insurance Society (IIS), pelo presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Luciano Santanna. Ele disse que já assinou portaria conjunta com a Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais). ;As discussões nas comissões duram de três a quatro meses e depois segue para aprovação do governo. Acho que até o final do ano teremos novidades;, salientou Santanna. Essa é uma categoria de seguro que vem sendo muito discutida. A intenção é ampliar a cobertura para grande parte da população que não tem condições de mudar de carro frequentemente. Segundo o presidente da Sul América, Patrick de Larragoiti, hoje, um terno dos automóveis não está assegurado.

Outra discussão que toma corpo, é um plano de previdência Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) para a saúde. O primeiro projeto discutido previa isenção fiscal para o produto. Mas a Susep compartilha com a Agência Nacional de Saúde (ANS) um estudo para criar uma forma diferente de produto, já sem incidência tributária. ;Ao longo do debate, chegamos à conclusão de que é preciso que a regulamentação seja feita por meio de projeto de Lei ou por meio de Medida Provisória. Aí parou um pouco. Mas está também a caminho, porque o projeto está sendo bem recebido pela sociedade;, disse Santanna. Após 31 anos, o Brasil voltou a sediar o evento, que, aproveitando o mote da Rio %2b 20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) e também aborda o tema Desafios do Seguro:Sustentabilidade e Inovação em Mercados Emergentes para fortalecimento e consolidação do mercado segurador.

Participaram do primeiro painel, ontem, Jorge Hilário Gouvea Vieira, presidente da Confederação Nacional da s Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Complementar e Capitalização (CNSeg), Luciano Portal Santanna, presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Norman Sorensen, presidente da IIS, Patrick de Larragoiti, presidente da Sul América Seguros, Denis Kessler, presidente da seguradora francesa SCOR, Zongmin Wu, presidente da China Pacific Property Insurranc, e Michel McGavick, da XL Group, Bermuda.

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