Agência France-Presse
postado em 21/06/2012 21:42
Buenos Aires - Cerca de 50 sindicatos da central operária argentina CGT vão aderir à greve convocada pelo sindicato de caminhoneiros na próxima quarta-feira exigindo a eliminação do imposto sobre os salários, após suspender na quinta-feira a greve que impediu o abastecimento de combustíveis, anunciou um porta-voz."Aderimos à greve nacional e à mobilização de caminhoneiros. São cerca de 50 organizações sindicais", disse em coletiva de imprensa na noite desta quinta-feira Juan Carlos Schmidt, porta-voz da central.
Schmidt admitiu que "há organizações (da CGT) que não aderiram", sem citá-las, mas que estas respondem ao líder dos metalúrgicos, Antonio Caló, a quem a presidente Cristina Kirchner postula como líder da central, em substituição ao opositor Hugo Moyano.
Moyano, líder dos caminhoneiros e da CGT, foi o impulsionador da greve no transporte de combustíveis encerrada nesta quinta-feira, um dia antes de sua finalização, depois de alcançar um acordo salarial com os patrões, apesar de ter convocado o novo protesto operário para a próxima semana.
"A greve vai acabar e a distribuição do combustível será normalizada. Na próxima quarta-feira, haverá uma greve nacional com uma mobilização na Praça de Maio (em frente à Casa Rosada, de governo) contra o perverso imposto sobre o trabalho", disse Moyano em outra coletiva de imprensa.
Moyano passou este ano à oposição, depois de ser um aliado tático do falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua mulher, a presidente Cristina Kirchner (2007-2011, reeleita até 2015.
Ao justificar a nova convocação, Moyano disse que "os salários dos caminhoneiros passaram a um segundo plano, porque não serve de nada (o aumento salarial) se não houver aumento do mínimo isento (do imposto de renda).
O líder desafia o poder da presidente, que ameaça retirá-lo no congresso da central a ser realizado em 12 de julho.
"Peço à senhora presidente que deixe de lado a soberba, que pare de achar que só porque recebeu 54% dos votos (em 2011) pode fazer o que quiser, que tenha um pouco de humildade e entenda a necessidade de acabar com essa discriminação e esse imposto injusto", completou.
O fim da greve de três dias iniciada na quarta-feira foi decidido depois de ser divulgado um acordo entre o sindicato e os proprietários dos caminhões de um aumento salarial de 25,5%.
A greve de caminhoneiros afetou os postos de gasolina de quase todo o país e ameaçou paralisar grande parte da indústria argentina.
A CGT, de 8 milhões de afiliados, é uma tradicional coluna vertebral dos governos peronistas.