postado em 25/06/2012 07:34
Preocupado com US$ 27,3 bilhões em dívidas de empresas brasileiras no exterior ; que vencem entre junho e dezembro deste ano ;, o governo começou a flexibilizar as barreiras contra as captações de recursos fora do país. Se o diagnóstico do Banco Central se confirmar, de que as linhas externas irão secar neste segundo semestre, os empresários terão que buscar outras fontes de recursos para conseguir quitar ou rolar a fatura. Em um cenário extremo o BC pode voltar a dar uma linha de crédito especial com as reservas cambiais, a exemplo do que fez em 2009. Para evitar ainda uma crise de confiança ; no caso de a Grécia abandonar o euro ou de haver quebra de bancos no Velho Continente ; o Brasil decidiu ainda associar-se formalmente aos países que formam a sigla Brics (além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A ideia é juntar os US$ 4,5 trilhões em reservas dessas nações para fazer frente a qualquer problema de balanço de pagamentos.
A intenção é criar um mecanismo de defesa, uma espécie de seguro, para momentos de falta de liquidez e crédito. O receio do grupo é de que o agravamento da situação na Europa leve economias emergentes a uma crise de balanço de pagamentos. No Brasil, o problema pode ocorrer, na visão de especialistas, se os preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional) desabarem e ainda se houver uma brusca interrupção do ingresso de capital estrangeiro, principalmente o destinado ao setor produtivo. Nesse cenário, o dólar iria à casa dos R$ 3 pressionando fortemente a inflação. ;Uma crise em balanço de pagamentos é algo que não vislumbramos. Um cenário desses, no qual precisaríamos de recursos de outros países, seria o de uma crise extremamente severa;, argumenta Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC. ;Essa união com os Brics para troca de reservas me parece um seguro, daqueles que você faz sem a intenção de usar, apenas para garantir;, explica.