Economia

BNDES vai estudar criação de financiamento para a produção de pescado

postado em 27/06/2012 18:06
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai discutir com empresários da pesca e aquicultura e entidades de pesca artesanal a criação de linhas de financiamento específicas para o setor, além de um programa de estímulo à inovação tecnológica. O compromisso foi assumido nesta quarta-feira (27/6) pelo presidente do banco, Luciano Coutinho.

;O Brasil tem um tremendo potencial competitivo, mas ainda requer a criação de uma base de empresas e o desenvolvimento da capacitação tecnológica do setor de pesca e aquicultura;, disse Coutinho ao fim de um encontro com mais de 100 empresários do ramo, do qual também participou o ministro Marcelo Crivella.

;É vexatório que mesmo com as condições favoráveis de que dispõe, o Brasil ocupe uma posição tão acanhada [em termos de produção de pescado]. Nas próximas semanas nós vamos trabalhar em conjunto com alguns representantes do setor para ajustar nossos instrumentos [de financiamento] da melhor forma possível. Já temos diversos fundos gerais que podem atender ao setor, mas precisamos saber se temos ou não massa crítica para estruturar um fundo específico para a pesca. E como também precisamos dar atenção à inovação tecnológica, talvez devêssemos pensar em um programa de desenvolvimento tecnológico apropriado;, disse Coutinho.

O presidente do banco de fomento reconheceu que, embora disponíveis, algumas das linhas de financiamento já oferecidas pelo BNDES não são adequadas à realidade do setor. Além de prometer estudar o aperfeiçoamento dos mecanismos de acesso às linhas de crédito, procurando eliminar entraves burocráticos, Coutinho admitiu a necessidade de ampliar o alcance do BNDES por meio de parcerias com outras instituições bancárias, como o Banco do Brasil (BB) e o Banco do Nordeste (BNB).



;Falta capilaridade ao BNDES. Precisamos rever nossas políticas e também vamos ouvir o setor sobre isso;, disse Coutinho, respondendo a críticas feitas por empresários como Tito Livio Capobianco Junior. ;É preciso aumentar o valor dos financiamentos de custeio e de investimento, ampliar as linhas de financiamento e os prazos, além de adequar as regras do banco à realidade do setor;, reclamou Capobianco.

[SAIBAMAIS]Já o produtor de mexilhões Luiz Valle, disse que os aquicultores que solicitam financiamentos ao BNDES enfrentam dificuldades para atender às exigências do banco. ;Os criadores de gado ou de aves têm seu patrimônio fixo [a terra], que serve de garantia na hora de solicitar empréstimos. No caso da aqüicultura é diferente. Nossa fazenda, a água, pertence à União. Precisamos de um olhar especial e cabe ao BNDES estudar a real capacidade dos aquicultores de dar garantias reais para contratar financiamentos;, disse.

O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Rocha, criticou a morosidade dos órgãos ambientais na concessão de licenças. Para ele, o modelo mais adequado ao setor seria o das chamadas empresas-âncoras ; empresas de médio a grande porte com grande potencial comprador. ;Devemos seguir o modelo asiático, com as empresas-âncoras se encarregando de transferir tecnologia às demais. Sem licença ambiental não há dinheiro do BNDES e com a estrutura que os estados e o Ministério da Pesca dispõem, eles não vão fazer assistência tecnológica. Isso tem que ser feito pelo próprio setor produtivo, como já é feito mundo afora;, alertou.

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