Rosana Hessel, Vera Batista
postado em 28/06/2012 07:25
O governo brasileiro rufou os tambores ontem, mas o som foi de curto alcance. O mercado não se impressionou com o novo pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, às vésperas de o Banco Central revisar para baixo a projeção de crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas) deste ano. Aproveitando a cerimônia de assinatura de convênio com prefeitos para a aquisição de 3 milhões de carteiras e 8,5 mil ônibus escolares, Mantega roubou os holofotes do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Juntou os números com compras antecipadas de outras pastas, como Defesa, Saúde e Desenvolvimento Agrário, e tirou da manga um pacote de R$ 8,43 bilhões em aquisições governamentais de máquinas e equipamentos, com o intuito de estimular a economia. A indústria nacional terá preferência e poderá vender os produtos com preços até 25% maiores do que os importados. Também os juros de longo prazo, a TJLP, voltada para investimentos produtivos cairá.Os analistas viram no anúncio de Mantega mais um conjuto de medidas a conta-gotas em meio às incertezas em relação à recuperação da economia europeia. Carinho, só da presidente Dilma Rousseff, que fez um afago e deu um beijo no subordinado assim que ele terminou o discurso no Palácio do Planalto. Apesar da reação fria ao pacote, o titular da Fazenda continuou assegurando que ;o PIB vai crescer mais de 2,5% este ano;. O valor total das medidas foi considerado baixo, se comparado com o PIB nacional. ;Em uma economia de R$ 4 trilhões, estamos falando de um volume pequeno. Não parece algo extremamente significativo;, comentou o economista-chefe do Banco Espirito Santo (BES), Jankiel Santos. O economista sênior da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, também demonstrou descrédito com o pacote. ;As medidas não terão muito efeito e alguns dos gastos, como na Defesa, são de utilidade duvidosa. Eu não me surpreenderei se tivermos mais medidas de mês a mês para tentar levantar a confiança.;