Agência France-Presse
postado em 03/07/2012 13:13
Madri - O número de desempregados na Espanha registrou forte queda em junho, de quase 100.000 pessoas, para 4,61 milhões, em seu terceiro mês consecutivo de baixa, depois de o país ter registrado o maior nível em março, em plena recessão, anunciou o Ministério do Trabalho."Temos que dar continuidade à evolução das cifras de desemprego depois deste dado positivo do mês de junho para verificar se ele se converte em uma tendência positiva", explica a secretária de Estado de Emprego, Engracia Hidalgo, que recordou que junho é normalmente um bom mês para encontrar trabalho.
Engracia recordou em um comunicado que o governo espera uma queda da atividade econômica deste ano de 1,7%, o que complica a perspectiva de uma melhora do emprego em um país que voltou a cair em recessão no início de 2012. Antes dos três meses de baixa, o número de desempregados na Espanha registrou oito meses seguidos de alta, em um país com a maior taxa de desemprego entre os países industrializados, 24,4% da população ativa, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Em junho foram contabilizados 98.853 desempregados a menos na comparação com maio, o que representa uma queda de 2,10%. O número total de desempregados caiu a 4.615.269. Em ritmo anual, no entanto, a tendência segue em alta, com um avanço de 11,97%.
Para os jovens em idade de trabalhar, com menos de 25 anos (os mais afetados pelo desemprego, com 52%, segundo o INE), o recuo do desemprego foi ainda mais evidente: de -7,61% interanual, com 37.338 desempregados a menos. Junho é um bom mês para o emprego na Espanha devido aos contratos temporais no setor turístico durante o verão. Este ano, a queda tem sido maior que em 2011, quando foram registrados 67.858 parados a menos.
[SAIBAMAIS]"Apesar de junho ser um mês tradicionalmente bom para o emprego, nunca havia sido alcançado um recuo tão acentuado, de quase 100.000 pessoas" em toda a série histórica mensal, desde 1996, afirmou em um comunicado a secretária de Estado de Emprego. O governo prevê uma taxa de desemprego muito alta para o final de 2012, de 24,3%, antes que ela comece a recuar em 2013 (para 24,2%).
A Espanha voltou a entrar em recessão no primeiro trimestre do ano, com uma queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), apenas dois anos depois de ter saído de outro período de recessão. O ministro da Economia, Luis de Guindos, e o Banco da Espanha esperam uma queda ainda maior para o segundo trimestre do ano.
Por zonas geográficas, as 17 comunidades autônomas espanholas também registraram recuos no número de parados. Andaluzia (sul), a região a mais afetada pelo desemprego, com uma taxa de mais de 33%, segundo o INE, registrou em junho a maior queda, de 18.079, no número de pessoas sem emprego, seguida por Catalunha (-15.356) e por Castela e Leão (-9.215). Por setores de atividade, somente o agrícola chegou a aumentar o número de parados (%2b1.182), enquanto que todos os demais registraram quedas, especialmente o de construção (-17.124), serviços (-52.654) e indústria (-9.970).
O governo de Mariano Rajoy deve reduzir o déficit público a 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final do ano, desde 8,9% com o qual terminou 2011, em troca de grandes sacrifícios sociais. O Congresso dos Deputados aprovou na quinta-feira passada orçamentos gerais com uma austeridade sem precedentes, que preveem economizar 27,300 bilhões de euros.