Economia

Governo francês pede mobilização contra a crise, mas rejeita austeridade

Agência France-Presse
postado em 03/07/2012 15:05
Paris - O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, pediu nesta terça-feira (3/7) que seus compatriotas se mobilizassem pelo direcionamento positivo do país, debilitado por uma dívida "esmagadora", mas rejeitou a austeridade orçamentária devido à queda do crescimento da economia.

Ayrault abordou durante um discurso de mais de uma hora e meia a crise e outros temas, antes de submeter aos deputados um voto de confiança ao governo, uma formalidade, dado que o Partido Socialista e seus aliados têm a maioria absoluta na Câmara Baixa do Parlamento.

O primeiro-ministro pediu pela "mobilização" de todos os franceses para que o país, "debilitado economicamente, degradado socialmente, dividido politicamente e ferido moralmente" recupere a confiança em seu porvir.Primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault

Em um contexto de crescimento revisado para baixo (0,3% para 2012 e 1,2% para 2013, contra 0,7% e 1,7% respectivamente), a luta contra a dívida, que alcança "cerca de 1,8 trilhão de euros", é prioritária, assim como o emprego.

"Uma França endividada é uma França dependente; dependente com relação às agências de classificação, dependente com relação aos mercados financeiros", argumentou Ayrault, às vésperas de um reajuste orçamentário para 2012, que integra um esforço adicional entre 7 e 10 bilhões de euros.

Sem entrar no debate sobre a herança deixada a seu governo, o primeiro-ministro apontou que a dívida francesa aumentou em 600 bilhões de euros durante os cinco anos anteriores (quando a direita estava no poder e o presidente era Nicolas Sarkozy) e que seu peso "passou a ser esmagador".

Contudo, o primeiro-ministro descartou reiteradamente qualquer ideia de austeridade orçamentária, optando pela expressão "endereçamento com justiça".

"Não haverá giro na política do governo, afirmou, mas admitiu que o controle dos gastos não bastará para alcançar o objetivo de retorno ao equilíbrio das contas em 2017.

O chefe do governo francês evocou o "patriotismo" para minar a evasão fiscal e exortar a reativação da indústria francesa.



"O endereçamento levará tempo, mas superaremos a crise e recuperaremos o progresso", disse.

Ayrault, no entanto, não revelou novas medidas, já que as evocadas foram anunciadas por Hollande durante a campanha eleitoral.

"Rejeitamos as decisões impostas de cima para baixo e precipitadamente", afirmou.

A França tem sido afetada pela fraca atividade na zona do euro, em plena crise da dívida, um contexto que pesa sobre a demanda interna e nas exportações, mas também pela queda do poder aquisitivo, motor tradicional do crescimento, e por um aumento do desemprego, que chega já bate a casa dos 10%.

Junto aos temas econômicos, que ocuparam a maior parte de seu discurso, Ayrault falou, no plano social, da reforma da educação primária, dos direitos dos homossexuais e o direito a voto dos estrangeiros residentes na França.

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