postado em 06/07/2012 08:10
A persistente desaceleração fez a indústria brasileira fechar o primeiro semestre no vermelho. Com quatro quedas mensais seguidas, a utilização da capacidade instalada atingiu 80,7% em maio, o patamar mais baixo desde setembro de 2009, informou nessa quinta-feira (5/7) a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O faturamento e o número de horas trabalhadas também recuaram, respectivamente 0,4% e 1,4%, em relação ao mês anterior. O sinal mais preocupante, contudo, está nos rendimentos dos trabalhadores do setor. Na mesma comparação, o nível de emprego até se manteve estável, com crescimento de 0,1%, mas a massa salarial, ou seja, o total de salários pagos pela industria, caiu 0,8% ; o primeiro encolhimento desde 2006.
Os dados referentes a junho ainda não foram computados, mas dificilmente mudarão esse quadro. Marcelo Azevedo, economista da CNI, explica que a massa salarial começou a ser afetada pela forte queda no total de horas trabalhadas. O nível total de remuneração só deverá continuar elevado em razão da inércia de acordos salariais dos últimos meses. Contudo, o cortes de horas extras abriu no setor a perspectiva de futuras demissões, situação que pode comprometer os ganhos dos trabalhadores. A recuperação de 3,3% do faturamento no acumulado até maio se deve, ressalta ele, à redução dos elevados estoques. Em junho, por exemplo, o destaque foi a expansão de vendas de automóveis, que, entretanto, não se traduziu em maior atividade nas linhas de montagem.