Economia

Após novo plano de ajuste na economia, espanhóis ficam preocupados

Agência France-Presse
postado em 12/07/2012 15:09
Madri - Os sindicatos espanhóis já começaram a anunciar sua resposta ao novo plano de ajuste de 65 bilhões de euros, enquanto profissionais de todos os setores têm feito suas contas, temendo o impacto que a medida deve ter no consumo e na economia de uma maneira geral.

Pressionado por Bruxelas para realizar novos ajustes em troca da flexibilização de sua meta de déficit, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou o aumento do IVA, de 18 a 21%, e de 8 a 10% para alguns produtos que têm taxas reduzidas, na principal medida de uma série que afeta ainda desempregados e funcionários.

A resposta sindical foi imediata: uma nova série de manifestações em toda Espanha no próximo dia 19 de julho para protestar contra este plano "que afeta os setores mais frágeis da economia e da sociedade".

Já na noite de quarta-feira (11/7), alguns manifestantes pediam justiça em Madri, armados com cartazes de protesto. Nesta quinta-feira, grupos de funcionários saíram às ruas bloqueando por exemplo a grande avenida madrilenha da Castellana. Entre as outras medidas anunciadas está a supressão do pagamento de Natal de 2012 para os funcionários e a redução do seguro-desemprego de 60 para 50% da base reguladora após o sexto mês. Especialistas temem que os ajustes freiem o consumo e agravem a recessão, enquanto que o governo prevê uma queda do PIB de 1,7% este ano e uma economia ainda no negativo em 2013.[SAIBAMAIS]

Apesar de o chefe do governo conservador espanhol afirmar que estes novos sacrifícios, impostos a um país já asfixiado por um desemprego de cerca de 25%, "não serão estéreis", o país segue preocupado. "Essas medidas não criarão empregos e aumentarão ainda mais a queda do PIB", dizia um editorial do jornal Expansión.



Segundo o economista independente, Edward Hugh, a maioria dos espanhóis não vai entender o acordo global (negociado entre Espanha e Bruxelas), o que gerará descontentamento.

Desde os profissionais de turismo até os vendedores de carros, passando pelos pescadores os associações de consumidores, todos têm criticado o anúncio nesta quarta-feira de aumento do IVA, em um país onde o consumo já é anêmico. O turismo, setor crucial da economia espanhola, que representa cerca de 10% do PIB, deve ser um dos primeiros afetados pela alta do tipo reduzido do IVA, de 8 a 10%.

"Um golpe", denuncia o secretário-geral da Confederação Espanhola de Hoteis e Alojamentos Turísticos, Cehat, Ramón Estalella, enquanto que o secretário-geral da Federação Espanhola de Hotelaria (FEHR), Emilio Gallego, considera que a renda do setor caiu 2,400 bilhões de euros.

Segundo a Associação de Fabricantes de Automóveis, Anfac, serão vendidos entre 25.000 e 20.000 veículos menos este ano, em um mercado já situado a um nível historicamente baixo.

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