Agência France-Presse
postado em 13/07/2012 12:30
Pequim - A economia chinesa cresceu 7,6% no segundo trimestre, sua pior taxa em três anos, devido ao impacto da crise nos Estados Unidos e na Europa, um dado já antecipado pelos mercados e que, segundo analistas, poderá levar o governo a tomar novas medidas de estímulo.A segunda economia do mundo cresceu 7,6% interanual no segundo trimestre do ano, o crescimento mais frágil desde o início de 2009, o pior momento da crise financeira, quando a China só havia crescido 6,6%. Com isso, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou quase estável (%2b0,05%), enquanto que Hong Kong subiu 0,3% e Xangai aumentou 0,16%, em um mercado cauteloso após o anúncio chinês.
"A desaceleração se explica principalmente pela deterioração contínua do entorno internacional, que reduziu ainda mais a demanda estrangeira", disse à imprensa o porta-voz do escritório nacional de estatísticas, Sheng Laiyun. "A demanda interna também se reduziu enquanto seguem as medidas para reforçar a macroeconomia, em particular no setor imobiliário", completou.
O dado ruim do segundo trimestre leva a 7,8% o crescimento na primeira metade deste ano, um período durante o qual a crise da dívida na Europa se agravou, assim como os problemas econômicos dos Estados Unidos. Apesar disso, o governo chinês confia na recuperação e espera alcançar suas metas de 7,5% para este ano. "Creio que a economia chinesa seguirá com um crescimento moderado e contínuo na segunda metade do ano", disse Sheng, afirmando que ainda há potencial para aumentar os investimentos, o consumo e as exportações.
[SAIBAMAIS]Apesar de a China possivelmente cumprir sua meta de crescimento de 7,5% em 2012, será uma taxa muito inferior aos 9,2% do ano passado, ou de 10,4% em 2010. O Escritório Nacional de Estatística também publicou nesta sexta-feira (13/7) dados das vendas ao varejo, o principal indicador do consumo, que em junho cresceu 13,7% interanual, menos que em maio (13,8%). A produção industrial também recuou em junho, para 9,5% interanual, frente aos 9,6% do mês de maio.
Novas medidas de estímulo
Segundo Tang Jianwei, economista do Bank of Communications, de Xangai, o crescimento no segundo trimestre responde às expectativas dos responsáveis chineses, que já tomaram medidas de estímulo.
"Cremos que as condições econômicas na segunda metade do ano serão um pouco melhores que na primeira metade. De acordo com os dados de junho, já temos notado uma estabilização dos investimentos graças a políticas de estímulo do governo", disse Tang à AFP. Na semana passada, a China reduziu suas taxas de juros pela segunda vez em um mês, uma medida que se soma à autorização aos bancos de reduzir seu volume de reservas para facilitar o crédito.
Os líderes chineses anunciaram novas medidas nos próximos meses e o primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou esta semana que estabilizar o crescimento econômico é prioritário para o governo. A desaceleração chinesa também tem gerado consequências para o crescimento da economia mundial, que ainda sofre também os efeitos da crise financeira iniciada em 2008.