Agência France-Presse, Rosana Hessel
postado em 16/07/2012 12:47
O Fundo Monetário Nacional (FMI) revisou para baixo as projeções de abril de crescimento da economia mundial. Cortou em 0,1 ponto percentual para 3,5% a expectativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. Essa média está acima da alta esperada para o PIB brasileiro: 2,5%, em linha com a última estimativa do Banco Central, mas 0,6 ponto percentual abaixo da estimativa anterior.Com as novas projeções divulgadas nesta segunda-feira (16/7), o Brasil terá o pior desempenho entre os países do Brics ; bloco dos países emergentes de crescimento acelerado integrado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. De acordo com o Fundo, essas nações crescerão, respectivamente, 4%, 6,1%, 8% e 2,6%. Além de crescer abaixo da média mundial, o Brasil também terá um PIB inferior à média da América Latina, que deverá ter uma expansão de 3,4% este ano. O FMI manteve em 0,3% a estimativa de queda na Zona do Euro este ano. Em compensação, elevou em 0,4 ponto percentual a estimativa de avanço da Alemanha, para 1%. Dois países deverão apresentar queda no PIB: Itália (-1,9%) e Espanha (-1,5%).
"Nos últimos três meses, a recuperação mundial, que de qualquer forma não havia sido muito pronunciada, mostrou novos sinais de debilidade", indicou o Fundo, segundo uma revisão atualizada de seu relatório econômico mundial. O FMI advertiu para novos "riscos de degradação" da situação econômica, ao mostrar uma "baixa marginal" de suas previsões em relação a abril e prever um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 3,5% (-0,1 ponto) em 2012 e de 3,9% (-0,2 pontos) em 2013. As inquietações do FMI se centraram principalmente na região denominada "a periferia da Eurozona": a Grécia, que recebe ajuda financeira internacional, e a Espanha, onde a entidade prevê que a recessão continuará até 2013.
"O crescimento em um número importante de mercados emergentes foi menor que o esperado", em grande parte pela situação mundial, mas também por uma "diminuição pronunciada" da demanda doméstica, destacou o fundo. Os Estados Unidos crescerão 2,0% (-0,1%), a Eurozona segue em recessão (-0,3%) e a China subirá 8,0% (-0,2%). O Fundo ressaltou "a crescente incerteza política na Grécia e os problemas do setor bancário na Espanha, e as dúvidas sobre a capacidade destes governos de colocar em andamento as reformas".
Ao mesmo tempo, o Fundo advertiu contra uma "frouxidão nos ajustes" orçamentários, ao reiterar a necessidade de um rigor econômico. Para o conjunto da Eurozona, as previsões permanecem iguais para este ano (-0,3%), mas caem em 2013 (crescimento de 0,7%, contra 0,9%). Para reverter a situação, o Fundo convoca os líderes políticos a agir "sem demora" para assegurar, em linha com o Banco Central Europeu (BCE), que a "política monetária possa ser flexibilizada" na Eurozona, sobretudo mediante ações não convencionais de compra de títulos.
[SAIBAMAIS]Em relação aos Estados Unidos, o FMI segue preocupado pelo que considera um "muro orçamentário": no fim de 2012 devem expirar cortes dos impostos, ao mesmo tempo em que entrarão em vigor cortes nos gastos públicos. Diante da falta de um acordo político para evitar este "precipício fiscal", advertiu o FMI, "o crescimento americano pode se estancar no próximo ano, com consequências significativas para o resto do mundo".
"Evitar este precipício fiscal, elevando rapidamente o teto fiscal e desenvolvendo uma estratégia fiscal em médio prazo, é essencial", considerou o FMI. Para completar o panorama, o FMI também considera que o "potencial de crescimento" dos países emergentes pode ser menos forte que o previsto, razão pela qual rebaixou suas previsões para 2012 tanto para o Brasil, quanto para a China e a Índia.
"A desaceleração nos mercados emergentes desde meados de 2011 foi, em parte, resultado de uma política mais restritiva diante de sinais de superaquecimento. Mas as políticas se relaxaram desde então e isto pode seguir se ampliando na segunda metade de 2012", considerou o FMI. A China, segunda economia mundial, registrou no segundo trimestre deste ano seu crescimento mais fraco dos últimos três anos, 7,6% interanual. Em meio a um panorama sombrio, o FMI observou, no entanto, alguns sinais positivos: o preço do petróleo caiu nos últimos meses e os riscos geopolíticos que pesavam sobre a produção de petróleo parecem ter diminuído.