Economia

Eurozona faz coro às declarações do presidente do Banco Central Europeu

Agência France-Presse
postado em 27/07/2012 13:41
Atenas - A zona do euro, com França e Alemanha à frente, se mobilizou nesta sexta-feira (27/7) para evitar mais um verão difícil para os mercados, no dia seguinte a declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que trouxeram uma relativa tranquilidade aos mercados.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, afirmaram nesta sexta-feira que estão "decididos a fazer de tudo para proteger a zona do euro", de acordo com um comunicado conjunto divulgado após uma conversa telefônica entre ambos.

"Os Estados membros, assim como as instituições europeias, devem assumir suas responsabilidades em seus respectivos setores", disse o comunicado. As declarações dos líderes fazem coro ao discurso de Draghi, que afirmou na quinta-feira que a instituição está disposta "a fazer todo o possível para preservar o euro". Com isso, as principais bolsas europeias voltaram a registrar fortes altas nesta sessão, estimuladas não só pelo respaldo alemão ao compromisso com o euro expressado por Draghi, mas também pelos dados sobre o crescimento nos Estados Unidos.

As maiores altas foram de Madri, com ganho de 3,91%, e de Milão (%2b2,93%). Os índices dos principais títulos também apresentaram relevante ganho em Paris (%2b2,28%), Frankfurt (%2b1,62%) e Londres (%2b0,97%). Segundo especialistas, os mercados acreditam que o BCE deve retomar em breve a compra de bônus públicos no mercado secundário (onde são negociados os títulos já emitidos pelos Estados), operações estas que não têm sido realizadas desde fevereiro.

O Banco Central alemão, Bundesbank, no entanto, se opõe a essa possibilidade. "Nossa opinião não mudou com relação ao programa SMP", nome da medida adotada em maio de 2010, disse na sexta-feira um porta-voz da instituição à AFP, classificando-a de "problemática". Pouco depois, antes do comunicado conjunto franco-alemão, Berlim celebrou as declarações de Draghi, em um comunicado do ministro de Finanças, Wolfgang Sch;uble. A chanceler alemã e o presidente francês enfatizaram "a necessidade de implementar rapidamente as conclusões do Conselho Europeu de 28 e 29 de junho", segundo o comunicado.

[SAIBAMAIS]Com isso, o mercado da dívida na Europa também demonstrou alívio. As taxas a dez anos da Itália recuaram para menos de 6% e Roma conseguiu emitir 8,5 bilhões de euros a seis meses, a taxas em clara baixa. Contudo, as medidas de austeridade impostas aos países da zona do euro para frear a crise da dívida continuam gerando efeitos devastadores. Na Espanha, o desemprego atingiu o nível recorde de 24,63% da população economicamente ativa no segundo trimestre. Madri reafirmou, no entanto, que o país não precisa de um plano de resgate global.



Em Atenas, os credores da Grécia continuavam nesta sexta-feira seus contatos com os dirigentes do país com relação às novas medidas de rigor que devem ser adotadas no país antes que seja aprovada uma nova etapa de ajuda. Na quinta-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pediu "resultados" aos gregos, condição essencial para permanecer na zona do euro. O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, conversou com especialistas da troika de credores (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) sobre os novos cortes de 11,5 bilhões de euros para 2013 e 2014.

A Grécia, que há dois anos tem sido submetida a um rigoroso processo de austeridade por seus credores em troca da ajuda internacional, deve adotar estas últimas medidas que se traduzirão em novos cortes nas pensões, nas ajudas sociais e nos gastos médicos. "O pacote de medidas é cada vez mais pesado e maior", disse na sexta-feira o jornal financeiro Naftemporiki, em alusão à apresentação dos cortes feitos na véspera pelo ministro de Finanças, Yannis Stournaras, aos especialistas da troika.

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