Agência France-Presse
postado em 07/08/2012 16:01
Londres - O banco britânico Standard Chartered (SBC) rebateu nesta terça-feira (7/8) as acusações da justiça de Nova York de que a instituição teria ocultado transações com o Irã, que giraram em torno de 250 bilhões de dólares em 10 anos, enquanto suas ações derretem nas bolsas."O grupo refuta com firmeza a posição e a descrição dos fatos realizada pelo Departamento de Serviços Financeiros (DSF)", disse o Banco em comunicado, o que não impediu suas ações de fecharem em queda de 14,9% na Bolsa de Hong Kong e de 16,76% em Londres, depois de perder mais de 6% na segunda-feira.
O DSF de Nova York acusa a entidade de ter recebido bilhões de dólares em comissões durante ao menos dez anos e de expor o sistema financeiro norte-americano a terroristas, traficantes de armas, traficantes de drogas e regimes corruptos.
O DFS destaca em particular cerca de 60.000 pagamentos em dólares efetuados entre 2001 e 2007 por sua filial nova-iorquina, que teria apagado em seguida as mensagens das transferências que permitiriam identificar os países, entidades e indivíduos envolvidos nas sanções.
Estas acusações se baseiam em mais de 30.000 páginas de documentos, entre eles mensagens internas da SBC, que descrevem infrações à lei de maneira deliberada e condenável, diz o regulador, que tem o poder de retirar as licenças bancárias que permitem operar no Estado. A Standard Chartered, que concentra sua atividade na Ásia e nos países emergentes, desmentiu a acusação nesta terça-feira (7/8).
Segundo o banco, 99,9% dos pagamentos ligados ao Irã cumpriram as regras e os valores irregulares não representaram menos de 14 milhões de dólares.
Ainda segundo a instituição, nenhum pagamento teve relação com alguma entidade considerada como terrorista e o grupo teria parado de realizar novas atividades com clientes iranianos há mais de cinco anos.
A Standard Chartered nasceu da fusão em 1969 de dois bancos fundados no século XIX, o Chartered Bank e o Standard Bank, especialistas desde seu nascimento no comércio com as colônias britânicas. Em 2011, a entidade gerou lucro líquido recorde de 4,750 bilhões de dólares, 12% mais que em 2010. O Standard Chartered gera 90% de sua renda na Ásia, África e Oriente Médio.
Outro banco britânico, o HSBC, também está na mira das autoridades norte-americanas, que o acusam de ter feito vista grossa a possíveis operações de bloqueio de dinheiro.
Segundo informações do Senado norte-americano, o HBUS - filial norte-americana do HSBC - realizou em seis anos 16 bilhões de dólares em transações secretas com Irã e sua filial mexicana girou 7 bilhões de dólares com o HBUS entre 2007 e 2008 que poderiam pertencer aos poderosos carteis mexicanos da droga.