Economia

Em greve, PF no Paraná só emite passaportes em casos de emergência

postado em 08/08/2012 14:53
As pessoas que procuram os serviços da Polícia Federal (PF) na superintendência estadual do órgão em Curitiba são barradas logo no portão que dá acesso ao edifício. Desde esta terça-feira (7/8), dezenas de policiais em greve se revezam ao longo de todo o dia em um piquete montado no local.

"Ninguém está entrando no prédio", disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR), Fernando Augusto Vicentine, em entrevista à Agência Brasil. "No caso dos passaportes, o comando de greve analisa caso a caso, liberando apenas os casos de emergência, como viagens por motivo de tratamento de saúde ou a trabalho."

Pela manhã, os policiais federais fizeram uma entrega coletiva das armas que pertencem à corporação. De acordo com o presidente do Sinpef-PR, a adesão ao movimento total entre os agentes, escrivães e papiloscopistas. Apenas os serviços essenciais, como a guarda de presos e os plantões nas delegacias, estão mantidos.

[SAIBAMAIS]Nas fronteiras e aeroportos, os policiais revistam em todos os veículos e as bagagens. A medida tem provocado filas na fronteira com o Paraguai e atrasado parte dos voos.

No segundo dia da paralisação nacional da categoria, a reportagem da Agência Brasil acompanhou a tentativa de algumas pessoas que foram à sede da PF no Paraná para obter passaportes.

A advogada Marina Zili foi ao local solicitar os passaportes dos três filhos. "Fiquei frustrada, porque esperamos dois meses para o agendamento agora, em agosto. Telefonamos para tentar vir antes [do início da greve], mas fomos informados de que conseguiríamos os documentos", disse Marina, cuja família tem uma viagem de turismo com destino a Miami (EUA) marcada para outubro. A família foi orientada pelo comando de greve a retornar na próxima semana. Os policiais argumentam que viagens de turismo não são consideradas casos de emergência.

O empresário Ricardo Trento, com viagem a trabalho marcada para as 22h30 de hoje, não conseguiu retirar o seu passaporte porque não estava com o comprovante da passagem aérea. "Não sou contra a greve, mas vou ter que voltar ao escritório para buscar o bilhete. É um transtorno."

Os policiais federais em greve reivindicam uma reestruturação salarial e da carreira dos agentes, escrivães e papiloscopistas. O salário inicial desses três cargos é R$ 7,5 mil, o equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados, cujo vencimento de início de carreira é R$ 13,4 mil. "Também reivindicamos mais contratações por concurso público. Apenas em Curitiba o déficit do efetivo chega a pelo menos 30%", estima Vicentine. "No Aeroporto Internacional Afonso Pena, trabalham apenas dois policiais por plantão, o que é muito pouco. E ainda há terceirização em atividades que deveriam ser exercidas por servidores públicos."



A paralisação também afeta os serviços de fiscalização de empresas de vigilância, a liberação de porte de armas e o atendimento a estrangeiros. A última greve nacional da PF ocorreu em 2004 e durou cerca de dois meses.

Os delegados federais também promovem hoje uma paralisação de 24 horas. Eles reivindicam a reposição das perdas salariais provocadas pela inflação acumulada nos últimos anos.

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