Jornal Correio Braziliense

Economia

América Latina poderá ter dificuldade de manter crescimento, diz economista

A América Latina está entrando em uma nova etapa, em que as capacidades dos países de crescer a taxas elevadas encontram restrições e as limitações de eficiência microeconômica começam a pesar mais, avalia o economista chefe do Banco Mundial (Bird) para a América Latina, Augusto de la Torre.

O economista comparou o atual momento com o que chamou de década ;memorável;, onde o crescimento, o progresso social e a estabilidade macroeconômica produziram resultados além do esperado na região. Ele participou nesta (10) do seminário Para Onde Vai a Economia da América Latina?, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro.

;O mundo se complicou. Os ganhos obtidos pelos diferentes países latinos nos últimos dez anos foram aproveitados pelas boas políticas, mas vieram facilmente, sem muito sacrifício, porque havia muitos ventos a favor;, disse o economista.

Segundo ele, agora os países da região talvez venham a enfrentar ventos contrários e um mundo mais volátil. O cenário é de desafio para o crescimento e o progresso social, onde se deve priorizar a necessidade de reformas. ;Um tipo de reformas, cujos efeitos são de longo prazo. São reformas que não são tão apetecíveis para os nossos políticos, que querem fazer coisas que têm resultados rápidos;.

A principal reforma, na visão do economista, é a da educação. ;Precisamos ir mudando a estrutura de oportunidades na região;. Ele observou que a América Latina continua sendo uma região em que a família influencia no futuro da pessoa, o que pesa na mobilidade social entre gerações.


Para o economista, a única maneira de romper esse entrave é fazendo com que as economias da região ofereçam igualdade de oportunidades, independentemente de classes sociais ou de origem. ;Isso requer mudar os sistemas educativos, desde a pequena infância até a universidade, para que a população jovem tenha opções;.

O economista disse que os países devem perseguir também o aumento da produtividade que não seja baseado somente em commodities, uma característica dos países latino-americanos.