Economia

Brasil intensifica esforços para desenvolver indústria petroleira nacional

Agência France-Presse
postado em 13/08/2012 17:50
Rio de Janeiro - A gigante do petróleo, Petrobras, e o governo do Brasil anunciaram nesta segunda-feira (13/8) um pacote de incentivos e subsídios a empresas nacionais para o desenvolvimento de tecnologia sofisticada, inexistente no país, o que permitirá aumentar o conteúdo nacional na exploração das jazidas do pré-sal.

O plano é um avanço no objetivo do governo, acionista majoritário da Petrobras, de desenvolver a rede de fornecedores nacionais na indústria naval e a relacionada ao gás e petróleo, para explorar as gigantescas jazidas de petróleo descobertas em 2006 a mais de 6 km abaixo do solo marítimo, sob uma espessa capa de sal (pré-sal), e transformar a economia do país até 2020.

"Muito pouco do trabalho no pré-sal é realizado pela Petrobras e por nossas empresas sócias. Há milhares de quilômetros a percorrer ainda para que a indústria de bens e serviços atenda nossas demandas e as demandas das empresas que trabalham com a Petrobras", disse Graça Foster, presidente da Petrobras, em um cerimônia para o estabelecimento de acordos realizada na sede da companhia.

"Espero que em um futuro muito próximo consigamos atender também às demandas internacionais. Isso fará muito bem ao Brasil e às empresas que investem no setor. (...) O conteúdo local forma parte de nossa cultura", disse.

"Queremos encorajar e estimular as empresas a entrar em áreas nas quais normalmente não entram, áreas dominadas por empresas estrangeiras; que avancem em áreas mais intensivas em tecnologia, que constituem o calcanhar de Aquiles de nossa indústria", disse Glauco Arbix, presidente da Finep, entidade de financiamento público ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O pré-sal confere "uma oportunidade excepcional para alterar a qualidade de nossa engenharia" e "pode garantir um salto na economia de nosso país", disse Arbix.

A exploração das jazidas do pré-sal deve ser realizada por lei com uma média de 60% de conteúdo nacional, uma iniciativa muito criticada por petroleiras estrangeiras, lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) ao final de seu governo e defendida por sua herdeira, Dilma Rousseff. Atualmente, o setor de exploração e produção conta com quase 65% de conteúdo local, contra 92% para abastecimento e 90% para gás e energia, disse Foster.

Este programa, batizado de Inova Petro, apoiará assim projetos empresariais de alto risco que companhias brasileiras são relutantes em fazer, com recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. "O Inova Petro representa a busca de esforços para acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizem a produção eficiente do pré-sal", completou.

O programa Inova Petro oferecerá recursos financeiros de até 1,5 bilhão de dólares - em partes iguais do Banco de Desenvolvimento do Brasil (BNDES) e a Finep - para projetos de inovação em pesquisa, engenharia, absorção tecnológica, produção e comercialização de produtos ligados ao setor petroleiro.


Além disso, um acordo firmado pelo Ministério da Indústria, Petrobras e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) aposta em atrair mais provedores locais, ajudando-os do ponto de vista financeiro e tributário.

Com gigantescos investimentos de 236,500 bilhões de dólares previstos de 2012 a 2016 para explorar o pré-sal, o maior plano de investimento empresarial mundial, a Petrobras busca duplicar para 2020 sua produção (dos atuais 2 milhões de barris equivalentes de petróleo por dia para 4,2 bep/d) para converter-se em um dos maiores produtores do planeta.

A Petrobras registrou no segundo trimestre seu pior desempenho em 13 anos, com perdas líquidas de 663 milhões de dólares. A indústria petroleira representa 13% do PIB do país.

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