Economia

Economia da Eurozona registra contração de 0,2% e está perto da recessão

Agência France-Presse
postado em 14/08/2012 11:11
Bruxelas - A economia da Eurozona retrocedeu no segundo trimestre 0,2% e ficou à beira da recessão, arrastada pela gravidade da crise em vários países do bloco, entre eles Portugal, Espanha, Grécia e Itália, embora com dados melhores que o previsto na Alemanha e na França.

"Durante o segundo trimestre de 2012, o PIB (Produto Interno Bruto) da Eurozona caiu 0,2% em relação ao anterior", indicou nesta terça-feira a agência europeia de estatísticas Eurostat. Os dados refletem as grandes disparidades no bloco de 17 países. Espanha (-0,4%), Itália (-0,7%), Portugal (-1,2%) e Chipre (-0,8%) estão afundados na recessão (definida tecnicamente como dois trimestres sucessivos de contração do PIB), enquanto a economia alemã, a maior da Europa, cresceu pouco mais que o previsto.

Os analistas preveem um agravamento da situação, o que faria com que a economia da Eurozona entrasse oficialmente em recessão no próximo trimestre, e esperam uma queda do PIB de 1% neste ano. Tudo isto "reflete a história de duas regiões: de um lado as economias do norte resistem a uma recessão técnica, enquanto as do sul afundam", afirmou Martin van Vliet, da empresa de consultoria Global Economics. "A queda do PIB na Eurozona é o primeiro grande sinal de uma recessão técnica", previu.

[SAIBAMAIS]O PIB da Espanha caiu 0,4% em relação aos três meses anteriores, quando havia baixado 0,3%, agravando a recessão do país. Em ritmo anual (comparado com o mesmo período do ano anterior), o PIB espanhol caiu 0,1% no segundo trimestre. A Espanha, privada desde 2008 do que foi seu principal motor econômico, a construção, devido à explosão da bolha imobiliária, encontra-se afogada por uma taxa de desemprego de 24,6% e por um elevado déficit público cujos juros e vencimentos colocaram o país à beira da insolvência.



Alemanha e França resistem à crise melhor que o previsto

Do outro lado, as economias de Alemanha e França resistem melhor que o previsto à crise da dívida europeia. A Alemanha registrou um crescimento de 0,3% (os analistas previam 0,2%) no segundo trimestre e a França teve um crescimento nulo, afastando uma eventual recessão (o Banco da França antecipava uma contração de 0,1%). As bolsas europeias operavam em alta, animadas pelos dados das duas principais economias do bloco, embora no início da tarde reduzissem seus lucros.

Por volta das 11h50 GMT (08h50 de Brasília), o índice DAX de Frankfurt subia 0,73%, o CAC 40 de Paris 0,37%, o Footsie-100 de Londres 0,34%, o IBEX 35 de Madri 0,27% e Milão 0,42%. As economias do norte "não estão atingidas por medidas de austeridade nem pela queda do setor privado, que deprimem a demanda doméstica na periferia (...). As exportações de Alemanha e Holanda inclusive se beneficiaram" da crise, explicou Martin Van Vliet, da Global Economics.

Em sentido inverso, foi uma surpresa o dado da Finlândia, que registrou uma queda de 1% no segundo trimestre após um crescimento de 0,8% entre janeiro e março. A economia da Bélgica também contraiu 0,6% depois de registrar um crescimento de 0,2% no primeiro trimestre. Os cálculos europeus trimestrais não incluíram a Grécia. Mas, segundo as estimativas oficiais, a economia grega, em seu quinto ano consecutivo de recessão, caiu 6,2% no segundo trimestre em comparação com o mesmo período de 2011. A economia portuguesa contraiu 1,2% no segundo trimestre em relação ao anterior, e 3,3% em ritmo anual, devido à forte queda da demanda interna.

Grécia, Portugal e Irlanda, sob ajuda financeira da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), se comprometeram a realizar exigentes programas de austeridade e de reformas. "A maioria dos países do sul europeus que perderam competitividade nos últimos 10 anos não conseguem sair da recessão", considerou Christian Schulz de Berenberg. A queda em ritmo anual é de 0,4% na Eurozona e de 0,2% nos 27 Estados membros da União Europeia (UE). A maior queda interanual do segundo trimestre ocorreu na Grécia (-6,2%), seguida de Portugal (-3,3%), Itália (-2,5%) e Chipre (-2,4%).

O PIB do Reino Unido, que não integra a Eurozona, apenas a União Europeia, teve uma queda de 0,7% trimestral no período abril-junho e já está há três meses consecutivos no vermelho. A Suécia é o país que registrou os melhores resultados da UE, com um crescimento de 1,4% trimestral e 2,2% interanual. A Eurozona é integrada por Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Malta, Luxemburgo, Holanda e Portugal. "A recessão persistente em quase todos os países da Eurozona freia o crescimento europeu e pode piorar ainda mais a crise", previu Van Vliet.

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