Economia

Setor de petróleo enfrenta falta de mão de obra especializada

postado em 18/08/2012 16:52
Rio de Janeiro - O economista Maurício Canedo, pesquisador do Centro de Economia e Petróleo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), disse que nas conversas com as pessoas do setor de petróleo, percebe-se, de maneira clara, que há várias atividades que enfrentam hoje falta de mão de obra especializada. ;Com o pré-sal, por exemplo, que vai multiplicar essa necessidade por dois ou três, dependendo da atividade, a gente corre o risco de ter um apagão da mão de obra mais especializada;, disse Canedo à Agência Brasil.

Embora considere a atividade de engenharia um gargalo, o economista da FGV lembrou que existem outras ocupações mais técnicas que também podem vir a constituir ameaça para os projetos da área do pré-sal. Um exemplo é a construção naval, que tem várias atividades mais especializadas, como a de soldador, ;em que, eventualmente, pode faltar mão de obra;. Isso decorre da estratégia do governo de espalhar a indústria naval pelo Brasil, que era muito concentrada no Rio de Janeiro. ;Em alguns lugares do país, essa mão de obra não existe ou não existe na quantidade necessária para suprir a demanda que está se formando;.

A estimativa é que somente na área de automação, a carência chegue a 30%, com tendência de se agravar à medida que a exploração no pré-sal se intensificar. ;Na medida em que a demanda por essa mão de obra aumentar, a tendência é que o gap (lacuna) aumente;. Maurício Canedo reconheceu que há um esforço no sentido de treinar e formar mão de obra voltada para o setor do petróleo, porque a demanda vai ser muito grande.

A solução, apontou, é treinar algumas atividades mais específicas, entre elas a de engenheiros seniores. ;O Brasil não tem hoje engenheiros com experiência na construção naval, por exemplo. Para isso, a solução é importar mão de obra. Trazer pessoas de outros países, com experiência no setor, até para repassar os conhecimentos aos engenheiros mais novos". A experiência internacional mostra isso. Foi o que fez, por exemplo, a Coreia do Sul.

Outra saída seria treinar mão de obra local e, eventualmente, enviar profissionais brasileiros para serem treinados no exterior, sugeriu. Acrescentou que isso serviria para internalizar o conhecimento. ;O cara vem com uma bagagem de 15, 20 anos, e o aprendizado da mão de obra local é muito mais rápido e com muito mais propriedade. Esse processo tem sido bem-sucedido;, disse.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação