Agência France-Presse
postado em 21/08/2012 16:31
Madri - Os investidores cobraram juros menores pelos títulos da dívida da Espanha nesta terça-feira (21/8), em um sinal de aumento de confiança no país, que é decorrente da expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) compre títulos da dívida.A Espanha emitiu nesta terça-feira 4,515 bilhões de euros em títulos do Tesouro a 12 e 18 meses, com taxas de juros em baixa.
Na operação a 12 meses, os juros foram de 3,070%, contra 3,918% em 17 de julho. Na emissão a 18 meses, os juros foram de 3,335%, contra 4,242% na ação anterior.
Com mais de 10,500 bilhões de euros, a demanda dos investidores superou em mais que o dobro a quantidade de dívida emitida, o que permitiu que a Espanha emitisse mais que o previsto, entre 3,500 e 4,500 bilhões de euros.
"Pode-se considerar que a emissão obteve sucesso, mas é preciso lembrar que as emissões de curto prazo são mais atraentes", disse Soledad Pellón, analista da corretora IG Markets.
De acordo com a analista, o verdadeiro teste acontecerá no dia 6 de setembro, quando, segundo ela, se poderá ver realmente o nível de interesse pelos bônus espanhóis.
Fortemente pressionada pelos mercados desde o início do verão no hemisfério norte, a Espanha tem se beneficiado do relaxamento do mercado despertado pelas declarações feitas no início de agosto pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
Draghi se declarou disposto a realizar "operações no mercado aberto em uma dimensão adequada" para frear as taxas de juros "inaceitáveis" que devem ser pagas por alguns países da Eurozona como Espanha e Itália.
A taxa de risco espanhola, que mede o custo pago pelo país para financiar-se a 10 anos em comparação com a Alemanha, recuava nesta terça-feira pela manhã a 462 pontos, ajudando o índice Ibex 35 dos principais valores da bolsa de Madri a fechar em alta de 1% nesta sessão.
Apesar do otimismo de mercado, a Alemanha, motor da economia europeia, continua se dizendo contra a uma ação massiva de BCE.
"Seria do ponto de vista teórico muito problemático que o BCE determinasse as diferenças máximas nas taxas de juros pagas pelos países europeus a partir das quais intervirá comprando dívida de forma massiva", disse na segunda-feira o porta-voz do Ministério alemão de Finanças.
Já o ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos, pressiona no sentido contrário. "A ideia do ministro é que a intervenção do BCE nos mercados secundários da dívida tem que ser muito contundente, sem limites nem temporais nem quantitativos", explicou na terça-feira seu porta-voz. "Só assim seria possível dissipar as dúvidas sobre o futuro do euro", afirmou.
A Eurozona já autorizou uma ajuda de 100 bilhões de euros para sanear seus bancos - debilitados pelo estouro da bolha imobiliária -, mas o país pode ser obrigado a pedir também um resgate geral de sua economia, o que implicaria em uma intervenção externa.
"Em outubro, a Espanha terá que arcar com uma série de vencimentos de títulos da dívida, com 9,020 bilhões de euros a curto prazo e 24,158 bilhões de euros a longo prazo", disseram analistas do Bankinter.
"Será difícil manter o otimismo de mercado se não houver medidas concretas em breve", disse Pellón.