São Paulo-Empresas privadas, estatais e órgãos públicos interessados em prevenir corrupção e fraudes contam desde hoje (22/08) com uma certificação inédita no país que atesta a existência de requisitos mínimos em sistema de gestão de combate a ações ilícitas. O sistema foi lançado pela Fundação Vanzolini e se baseia em um modelo desenvolvido por uma consultoria dinamarquesa e adaptado para o Brasil.
A Fundação Vanzolini é uma instituição privada de 45 anos, sem fins lucrativos, criada e gerida por professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Voltada inicialmente para o desenvolvimento e disseminação de conhecimento em engenharia de produção, passou a atuar em áreas como certificação e também gestão de tecnologias aplicadas à educação e projetos.
De acordo com o gerente de Novos Negócios da instituição, José Salvador da Silva Filho, a adesão é voluntária e, para utilizar o sistema, a empresa precisa analisar o conteúdo da norma, implementar os requisitos e fazer as adaptações necessárias para atender à certificação. ;Quando julgarem que estão atendendo a todos os requisitos, convocarão uma auditoria feita por nós. Nós realizamos uma auditoria independente e, se a empresa atender a todas as determinações, recebe esse certificado;.
Uma vez por ano, a empresa passa por uma auditoria de supervisão. O objetivo é que a organização aplique esse sistema de forma coerente e séria, melhorando seus controles e diminuindo os riscos de fraude e corrupção. ;Isso trará uma série de ganhos para a organização porque as perdas com fraudes e corrupção impactam muito os lucros da empresa, e [também trará] ganhos para a sociedade porque a corrupção é causa de muitos males;.
A certificação é um documento com uma série de requisitos por meio do qual a companhia se compromete a alcançar determinado objetivo. Entre os requisitos está a definição pública de uma política de combate e prevenção à corrupção. ;Ela define quais são seus compromissos, como transparência, comportamento ético, tem que fazer uma avaliação profunda para identificar os riscos de fraude e corrupção e o potencial desse risco se efetivar;.
Salvador explicou que, ao conhecer esses riscos, a empresa poderá implementar os controles para evitá-los e se, eventualmente, for detectado que houve as fraudes, poderá tomar medidas para mitigação. A empresa precisará ainda ter um canal para receber denúncias do público em geral, de um concorrente que se sentiu lesado ou mesmo algum funcionário. ;Terá que ter um processo de comunicação forte também para mostrar à sociedade o que tem feito;.
O certificado também funciona para que a companhia mostre comprometimento em combater as fraudes e a corrupção. ;Além do ganho financeiro, a organização promove um ambiente empresarial mais saudável e equilibrado, além de inspirar a confiança de parceiros com os quais trabalha;, disse Salvador. A dificuldade para implementação depende da maturidade da empresa e o tempo de sua complexidade, segundo avaliou.