Economia

Catalunha pede ajuda e Espanha se aproxima um pouco mais do resgate

postado em 28/08/2012 14:55
Madri - A pressão sobre a Espanha para que faça um pedido oficial de resgate foi elevada nesta terça-feira (28/08), após a solicitação da Catalunha de 5,023 bilhões de euros em ajuda, em um momento no qual o país empreende uma série de encontros diplomáticos com seus sócios europeus.

O governo de Mariano Rajoy já sinalizou que irá socorrer a região, o que deve ser feito através do fundo criado por Madri justamente esse fim.

A Catalunha, uma das regiões mais ricas da Espanha, se converte assim no primeiro governo autônomo a solicitar formalmente a ajuda deste fundo e dar uma cifra, depois que outras comunidades, como Valência (leste) e Múrcia (sudeste), anteciparam sua intenção de pedir ajuda ao fundo.

"Ajudaremos a Catalunha como ajudaremos o resto das comunidades autônomas", afirmou posteriormente Rajoy, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o presidente do Conselho Europeu, Hermann Van Rompuy, em Madri. "As comunidades autônomas também são a Espanha", insistiu.

O governo conservador espanhol anunciou em 13 de julho a criação de um fundo de no máximo 18 bilhões de euros para ajudar as regiões, muitas delas em dificuldades por suas dívidas e seus déficits, e que não conseguem fazer frente sozinhas a suas obrigações financeiras.


O pedido de ajuda foi mal recebido pela Bolsa de Madri, que fechou em queda de 0,88%, com alta da taxa de risco - o preço pago pelo bônus espanhol a dez anos com relação à Alemanha - a 514 pontos.

Os economistas preveem mais pedidos de ajuda de outras regiões que, com importantes serviços públicos como a saúde e a educação a seu cargo, estão muito debilitados desde o início da crise em 2008.

A fragilidade da saúde financeira tem afetado todo o país: as cifras publicadas nesta terça-feira confirmaram que a recessão espanhola foi ampliada no segundo trimestre, com um retrocesso de 0,4% do PIB.

Uma recessão que deverá durar ao menos dois anos: o governo de Rajoy prevê uma contração do PIB de 1,5% em 2012 e 0,5% em 2013.

Contudo, os líderes europeus que planejam visitar Madri para discutir a situação financeira do país têm se mostrado otimistas.

O primeiro dos responsáveis europeus a viajar a Madri, o presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, disse que "o governo de (Mariano) Rajoy está lançando um programa de ajuste muito importante, valente e ambicioso" e "todos os Estados-membros europeus reconhecem a magnitude do esforço de reformas orçamentárias e estruturais empreendido".

A afirmação procedente da UE foi um bom sinal antes da visita a ser feita nesta quinta-feira do presidente francês, François Hollande, que será seguida no dia 6 de setembro por uma visita da chanceler alemã, Angela Merkel.

O Banco Central Europeu (BCE) também teceu declarações tranquilizadoras no início do dia, dizendo-se estar disposto a comprar dívida no curto prazo.

Com isso, a Espanha conseguiu emitir dívida pública no valor total de 3,607 bilhões de euros a três e seis meses com juros em forte baixa.

As declarações do BCE também beneficiaram a Itália, que conseguiu captar 3,750 bilhões de euros com juros em forte baixa para os vencimentos de 2014 e 2019.

No dia 6 de setembro, a Espanha retomará seu programa de dívida de longo prazo, que será uma prova da confiança dos investidores na quarta economia da Eurozona.

O principal foco dos mercados, no entanto, está no mês de outubro, quando o país terá que fazer frente ao vencimento de mais de 30 bilhões de euros da dívida.

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