Economia

Brasil se prepara para cortar taxa de juros pela nona vez em um ano

Agência France-Presse
postado em 28/08/2012 15:38
Rio de janeiro - O Brasil deve cortar nesta quarta-feira (28/08), sua taxa básica de juros, Selic, pela nona vez consecutiva em um ano, dos atuais 8% para um novo patamar mínimo histórico de 7,5%, a fim de reativar seu crescimento, que tem sido golpeado pela crise na Europa e pela queda da demanda chinesa, dizem analistas.

A política de redução das taxas de juros foi iniciada em agosto de 2011 e busca estimular o crescimento econômico, em um momento no qual o governo aguarda uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% em 2012, enquanto que o mercado prevê apenas 1,73%.

"Esperamos que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) volte a cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para um novo patamar mínimo histórico de 7,5% ao ano", disse o banco de investimentos Goldman Sachs em um relatório divulgado na segunda-feira.

Analistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo Banco Central também aguardam uma redução de meio ponto da taxa, assim como uma redução adicional de 0,25 ponto até o final do ano, o que deixaria a taxa em 7,25%.

"Nossa expectativa é de um corte de 0,5 ponto para dar mais impulso à atividade econômica em um cenário de deterioração" do crescimento e da produção industrial, disse à AFP Felipe Queiroz, da agência de classificação de risco Austin Rating.



"Hoje, a maior preocupação do Banco Central não é a inflação, é o nível de atividade econômica", afetado pela crise na Europa, a desaceleração do ritmo de crescimento na China e a lenta recuperação nos Estados Unidos, indicou.

Para Robert Wood, analista para Brasil da Economist Intelligence Unit (EIU), "o aumento dos preços ao consumo não impedirá o Banco Central de cortar a taxa de juros em outro 0,5 ponto básico".

Os últimos dados sobre emprego e vendas ao varejo apontam que a economia brasileira começa a despertar depois de um longo ano de estagnação, afirmou. "Isso não bastará para elevar o crescimento do PIB a 2% em 2012, mas a economia está pronta para crescer 4,2% em 2013", antecipou Wood.

Segundo o analista da Austin Rating, a inflação fechará o ano em aproximadamente 5%, bastante abaixo do teto da meta do governo de 6,5%. Além disso, diz Wood, o recente aumento da inflação é conjuntural, ligado especialmente ao aumento do preço internacional das matérias-primas, que não depende da alta ou baixa das taxas de juros.

A inflação brasileira acumula 2,76% de janeiro a julho, e 5,2% em 12 meses. A meta oficial do governo é de 4,5%, com margem de erro de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.

O Goldman Sachs, por sua vez, crê que este pode ser o último capítulo do ciclo de reduções das taxas.

"Temos a opinião de que estamos agora nos aproximando do final do atual ciclo de flexibilização (monetária) de 13 meses", disseram seus analistas, que destacaram a aceleração do ritmo inflacionário como motivo de uma maior pressão sobre os preços dos alimentos e de um real mais frágil.

A economia brasileira deu claros sinais de desaceleração no primeiro trimestre do ano, quando cresceu apenas 0,2% com relação ao trimestre anterior.

O governo da presidente Dilma Rousseff lançou várias medidas para tentar estimular o crescimento, entre elas incentivos fiscais para aumentar o consumo doméstico e um bilionário plano de concessões para rodovias e ferrovias, estimado em 66 bilhões de dólares.

O resultado oficial do PIB no segundo trimestre será divulgado na sexta-feira.

O PIB brasileiro avançou apenas 2,7% em 2011, contra 7,5% em 2010.

O Brasil começou a reduzir suas taxas em agosto de 2011, quando a Selic estava em um recorde histórico de 12,5% e a inflação anualizada de 7,2% superava o teto da meta do governo.

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