Economia

Após aporte de R$ 1,5 bi, Caixa pode receber mais repasses do governo

postado em 31/08/2012 10:22
Prédio da sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília: ideia é ampliar a capacidade contábil da Caixa e, com isso, garantir que o banco continue a liderar a política de juros baixos no país
A Caixa, o quarto maior banco do país, recebeu ontem a autorização do governo para aumentar seu patrimônio financeiro em R$ 1,5 bilhão. A injeção de recursos vai permitir que a instituição dê continuidade à política de redução de juros ao cliente, uma das bandeiras da presidente Dilma Rousseff em 2012.

Essa é a primeira de uma série de aportes que o Tesouro Nacional fará no banco estatal até o fim do ano. Especula-se no governo que sejam necessários repassar, adicionalmente, ao banco algo entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. Os recursos serão transferidos via troca de ações de empresas controladas pelo governo. A operação envolve a permuta de partes acionárias do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras pelo controlador dessas empresas, o governo federal. A permuta também pode envolver ativos da Eletrobrás, conforme explica o decreto presidencial publicado ontem no Diário Oficial.

A ideia é ampliar a capacidade contábil da Caixa e, com isso, garantir que o banco continue liderando a política de juros baixos no país. No início do ano, após a presidente Dilma vociferar contra as altas taxas cobradas pelos bancos ao consumidor, a Caixa, em parceria com o Banco do Brasil (BB), reduziu drasticamente os custos das suas linhas de crédito.

Esse expediente já havia sido utilizado pelo governo anteriormente em 2009, logo após o estouro da crise financeira global. Dessa vez, porém, ganhou adeptos. Com medo de perder clientes, as instituições privadas também reduzirem os chamados spreads bancários ; diferença entre o custo da captação do dinheiro o valor ofertado a clientes.



O movimento, que ainda está em curso, levou a Caixa a enfrentar problemas de solidez fiscal. O chamado índice de Basiléia foi seriamente comprometido, chegando a 12%, quando o limite mínimo estabelecido é de 11%. Concorrentes do banco, por exemplo, mantém esse patamar na casa dos 17%.

Para o mercado financeiro, esses parâmetros são encarados como garantias de que a instituição pode continuar a emprestar sem que corra risco de quebrar. Como um banco controlado pelo governo, a Caixa pode contar com a opção de receber aportes do Estado, o que não ocorre com instituições privadas.

Com a crise, bancos de varejo e de investimento brasileiros, que geralmente possuem menos ativos em caixa, acabaram não conseguindo honrar suas operações com clientes, obrigando o Banco Central a intervir e liquidar essas instituições. Isso ocorre porque em momentos de insegurança, investidores costuma procurar ativos mais sólidos, que tenham menos exposição a riscos.

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